Boric e Petro pedem reunião urgente da OEA sobre atos golpistas em Brasília
Líderes latino-americanos chamam cenas de destruição na capital de inaceitáveis e pedem defesa conjunta da democracia

O presidente do Chile, Gabriel Boric, e o da Colômbia, Gustavo Petro, instaram nesta segunda-feira (9) a OEA (Organização dos Estados Americanos) a convocar uma reunião de urgência sobre os ataques golpistas realizados em Brasília por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (8).
Juntos no Palácio de La Moneda, em Santiago, os líderes chamaram as cenas na capital brasileira de um golpe da extrema direita que remonta a outros períodos históricos: as interrupções democráticas causadas por golpes militares na América Latina entre as décadas de 1960 e 1970.
Boric descreveu os ataques golpistas de inaceitáveis e condenou o “silêncio cúmplice”, que, disse ele, “não pode ser relativizado, tampouco esquecido”. “Nossa região têm de assumir uma posição clara”, seguiu Boric, acrescentando que a reunião da OEA serviria para uma posição conjunta dos países da região.
Petro disse que grupos de extrema direita querem fazer com que a região retorne aos tempos de Salvador Allende, em referência à resistência a governos de esquerda, como o instalado na época do líder chileno morto pelas Forças Armadas em 1973, no episódio que instalou a ditadura de Augusto Pinochet.
“É hora de dizer que o que ocorreu há 50 anos não voltará a acontecer, que o caminho da América Latina é irreversivelmente democrático”, disse o colombiano, o primeiro líder de esquerda a assumir o governo de seu país.
“O que está em perigo é o pacto democrático nas Américas. Esse não é um problema exclusivamente da América do Sul. O mesmo que ocorreu em Brasília ocorreu em Washington”, lembrou, referindo-se ao ataque ao 6 de Janeiro nos EUA. É um golpe da extrema direita contra algo que eles não querem: a democracia.”