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Combustível muda de preço por causa do PPI. Mas o que é isso?

O combustível vai subir mais uma vez, nesta semana. No domingo (24), Bolsonaro (sem partido)…

Goiânia tem terceira maior inflação do País em novembro
Goiânia tem terceira maior inflação do País em novembro (Foto: Jucimar Sousa - Mais Goiás_

O combustível vai subir mais uma vez, nesta semana. No domingo (24), Bolsonaro (sem partido) já tinha sinalizado a possibilidade ao citar o dólar. Isto, porque a política de preços na Petrobras mudou desde a gestão de Michel Temer (MDB), que passou a adotar o preço de paridade de importação (PPI). Mas afinal, o que é isso?

Ressalta-se, o Brasil adotou o PPI, sistema da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em 2016, quando Pedro Parente presidia a Petrobras. O modelo, como o nome diz, segue a paridade internacional de preços dos combustíveis, conforme explica o economista Aurélio Troncoso, coordenador do centro de pesquisa de mestrado da UniAlfa.

Segundo ele, os valores estão ligados diretamente ao câmbio (dólar) e ao barril de petróleo. E a Opep faz uma média mundial de preço entre os maiores exportadores. Nesta segunda-feira (25), o barril do petróleo é cerca de US$ 85.

Inclusive, Aurélio explica que o dólar do Brasil – neste momento a quase R$ 5,60 – puxa a média para cima. Na análise do economista, outros países contribuem para que o valor não seja mais alto. “Ou seja, outros países estão nos ajudando.”

Por que PPI?

Sobre o PPI, Aurélio Troncoso informa que a Opep criou essa linha e os países optaram por ela, inclusive o Brasil. “Como a Petrobras é uma empresa de capital misto, por meio de uma assembleia esse modelo foi a escolha – mesmo o governo sendo o maior acionista.”

Inclusive, para ele, o governo cedeu a esse modelo, justamente, para valorizar a Petrobras.

Dólar, impacto e inflação

Hoje o Brasil trabalha com valores distintos para dólar, como o regular, o turismo e o comercial. Para Aurélio, seria importante criar – como fez a China –, uma versão para importação e outra para exportação. Essa diferenciação poderia ajudar, inclusive, na inflação.

“Tudo que estamos comprando é cotado em dólar, mesmo no mercado interno.” De acordo com Aurélio, por exemplo, mesmo com a interrupção na exportação da carne por causa de restrições (a China embargou a carne bovina do Brasil, na última semana), o mercado estoca para não jogar o excesso no País e baixar o preço, na esperança de voltar a vender para fora.

Para ele, é necessário que o Congresso legisle para forçar o abastecimento no mercado interno para gerar concorrência e garantir um preço mais baixo dentro do País.

Baixar o dólar para refletir no combustível

Contudo, de volta a questão do combustível, que tem relação direta com o dólar, o economista sugere a venda da diferença gerada nas reservas cambiais pela valorização da moeda dos Estados Unidos. “As reservas cambiais subiram com a valorização. Essa diferença, deveria ir para a venda para derrubar o dólar, inserindo a moeda no mercado. Como só sairia a diferença, a reserva permaneceria a mesma.”

Por exemplo, se o dólar era R$ 4 e passou a R$ 5,60, existe R$ 1,60 em cima de cada dólar que poderia ir para o mercado interno, a fim de derrubar o valor do câmbio. Desta forma, mesmo com a política do PPI, o combustível poderia cair, já que o dólar seria mais baixo.