Feirão sem impostos oferece serviços e alimentos até 69% mais baratos em Goiânia

Pães, pizzas, temaki, brigadeiros, chopp, carnes, calçados e até lavagem de carro serão vendidos sem tributos, a partir desta segunda-feira (20), em mais de 30 lojas que participam da 17ª edição do Feirão do Imposto na capital do Estado. O evento (confira programação no final do texto) é realizado pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) e pela Associação dos Jovens Empreendedores e Empresários de Goiânia (Aje-Goiânia) e vai até o próximo sábado (25). Objetivo é conscientizar a população sobre o valor dos tributos cobrados por cada item e serviço adquirido.

Os consumidores que participarem do evento poderão comprar e contratar produtos e serviços com descontos que variam entre R$ 2,5 e R$ 87,25. O quilo do pão francês, por exemplo, vai cair de R$ 16,80 para R$ 13,44 em um dos comércios participantes; desconto de 20%. Um bar de Goiânia oferece desconto de 32,31% no preço cobrado pela picanha; com isso, o preço cai de R$ 128,90 para R$ 87,25.

De acordo com o presidente da AJE Goiânia, Marcus Siekierski, além de educar a população quanto aos tributos, o Feirão ajuda a mostrar o baixo retorno que o cidadão tem com o pagamento dos impostos, principalmente, nas áreas de Saúde e Educação. “Precisamos aprender a estabelecer a relação entre imposto pago e retorno dos serviços públicos e fazer com que a população, de forma geral, compreenda que todos produtos têm impostos, não só imposto de renda. No Brasil temos uma altíssima carga tributária sobre o consumo e um retorno muito baixo, em virtude da ineficiência e corrupção, dificultando o crescimento da economia”, disse.

Segundo ele, a adesão dos comerciantes foi ampliada nesta edição. Em 2018, o evento contou com cerca de 10 lojas participantes. Já em 2019, são mais de 30 estabelecimentos. “Nossa organização entra em contato e explica o objetivo do Feirão. Aqueles locais que se identificam com a causa fazem a adesão voluntária e reforçam nosso movimento, que também defende uma reforma Tributária em nosso país”, comentou.

Sistema Complexo

Para o economista e mestre em finanças, Marcus Antônio Teodoro, o Feirão contribui para conscientizar os consumidores e toda a população sobre a complexidade do Sistema Tributário Brasileiro. De acordo com ele, a dificuldade de compreensão se dá por conta da extensão e complicação tanto no sentido de apurar os tributos, assim como em sua carga tributária. Um dos problemas apontados é falta de unificação das leis tributárias, já que há legislação própria e divergente da União, Estado e Município.

Atualmente, segundo o especialista, há ao menos 97 tributos. “Nosso sistema tributário é complexo e ineficiente. Hoje, a carga tributária que pagamos é pesadíssima. Para se ter ideia, em média, 33% do PIB se trata de tributos. A cada R$ 100, R$ 33 são tributos que vão para o Governo nas três esferas”, disse. Em tese, os recolhimentos financiaram as atividades do Estado, como melhorias nos serviços prestados à população e investimento em infraestrutura. No entanto, conforme aponta Marcus, a contrapartida é baixa. “Nos últimos três anos registrei aumento de 70% no pagamento do IPTU da minha casa. Você sai na rua e só vê buraco. Não há condições nas estradas, por exemplo. A realidade é que pagamos muito e recebemos pouco”, critica.

Segundo o economista, somente pelo pão são cobrados mais de cinco tributos. Pelo item, há a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto de Importação, no caso do trigo. Do comércio, são cobrados Imposto de Renda (IR), Contribuição Social, Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), ICMS, IPVA pelo carro da empresa, Imposto de Serviço, entre outros.

“Essa cobrança absurda e baixa contrapartida são fruto da má gestão pública. O dinheiro é mal gerido e o custo é muito alto. A situação tem um agravante com a corrupção. São uma série de coisas que fazem com que o cenário esteja longe do ideal”, afirmou.

Para ele, os altos tributos cobrados afetam diretamente o consumo. “Se a carga tributária é alta e a renda da população não a acompanha, o consumo diminui. Isso é fato. Com a baixa no consumo, a empresa diminui a produção, investimento e mão de obra, o que causa o desemprego. Esse é um dos motivos pelos quais o Brasil tem se desenvolvido pouco. Esse Feirão faz uma logística inversa, de como seria em caso da diminuição dos tributos”, disse.

Confira a programação do Feirão: