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Eleições: para 70%, contagem de votos é honesta; 28% não confiam na apuração

Sete em cada dez eleitores dizem confiar em alguma medida na honestidade do processo de…

Confira os resultados da nova pesquisa “A Cara da Democracia”. Para 70%, contagem de votos é honesta; 28% não confiam na apuração
(Foto: Antônio Augusto - TSE)

Sete em cada dez eleitores dizem confiar em alguma medida na honestidade do processo de contagem de votos no Brasil. De acordo com a nova pesquisa “A Cara da Democracia”, cerca de um terço dos brasileiros aptos a votar (34%) afirma confiar muito na apuração dos votos. Os que dizem confiar “mais ou menos” são 24%, enquanto 11% afirmam ter pouca confiança nesse processo. Desconfiam totalmente da apuração 28% dos eleitores. Os percentuais permaneceram estáveis em relação ao levantamento anterior, divulgado em julho.

As urnas eletrônicas, adotadas pela Justiça Eleitoral há mais de duas décadas e que até hoje não tiveram nenhum caso comprovado de fraude, já foram contestadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em diversas ocasiões desde 2018 — ano em que foi eleito a partir dos votos registrados no equipamento.

É justamente entre os apoiadores do presidente que a desconfiança no sistema de apuração dos resultados eleitorais é mais frequente. Só 21% do grupo que declara a intenção de votar no candidato à reeleição diz confiar muito na honestidade do processo de contagem dos votos. Entre eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o percentual é de 44%.

Bolsonaro é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa de uma live realizada no ano passado em que disse haver “indícios” de irregularidades no funcionamento das urnas. O presidente não apresentou provas. Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre o processo eleitoral em julho deste ano, em reunião com embaixadores estrangeiros.

O Ministério da Defesa pressionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a aceitar recomendações da pasta para a eleição deste ano, incluindo uma apuração paralela à oficial conduzida pelas Forças Armadas. Uma das sugestões dos militares foi aceita, a de um teste-piloto com biometria que será feito a partir de 56 urnas em 18 estados e no Distrito Federal no dia da votação.

De acordo com a pesquisa “A Cara da Democracia”, mais da metade dos brasileiros aptos a votar (54%) é favorável a uma apuração própria das Forças Armadas. São 41% os que se declaram contrários à ideia.

— As pessoas acham que quanto mais transparência no processo de apuração das eleições, melhor. O problema não é a instituição que vai fazer a contagem dos votos — analisa Leonardo Avritzer, professor titular da Departamento de Ciência Política da UFMG.

A avaliação de que o apoio majoritário à participação dos militares na contagem dos votos não decorre da descrença no processo atual é corroborada por outros dados da pesquisa. O levantamento mostra que o percentual de brasileiros que dizem confiar nas Forças Armadas (71%) é praticamente o mesmo dos que afirmam acreditar na Justiça Eleitoral (72%). Para 69%, o trabalho do TSE e tribunais regionais eleitorais é “muito importante” para o funcionamento da democracia no Brasil.

Entre os apoiadores de Bolsonaro, 75% acham que os militares deveriam fazer uma apuração paralela dos votos na eleição deste ano. Já no grupo que declara voto em Lula, essa taxa cai para 44%.

Para 80%, derrotados devem reconhecer resultado

O presidente Jair Bolsonaro já deu sinais distintos em relação a como reagirá caso perca a eleição de outubro. No início do mês, disse que passará a faixa presidencial e irá “se recolher” se for derrotado. No dia seguinte, porém, condicionou o gesto ao que chamou de “eleições limpas”, sem especificar o que seria necessário para isso.

Para 80% dos eleitores brasileiros, o resultado apontado pela apuração oficial deve ser conhecido pelos candidatos que perderem em qualquer circunstância. Outros 8% acham que a derrota deve ser admitida somente se houver uma grande diferença no número de votos a favor do vencedor. Só 4% dizem que o candidato derrotado não deve reconhecer o resultado das urnas.

Feita pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), a pesquisa entrevistou presencialmente 1.535 eleitores em 101 cidades de todas as regiões do país entre os dias 9 e 14 de setembro e foi contratada pelo CNPq e Fapemig. A margem de erro total é de 2,5 pontos percentuais para mais ou menos com índice de confiança de 95%.