Sequestro em Brasília

Ex-secretário municipal disse que ficaria famoso em Brasília

Antes de deixar Combinado, no Tocantins, no último fim de semana, o homem que desde…

Antes de deixar Combinado, no Tocantins, no último fim de semana, o homem que desde o começo da manhã de desta segunda-feira (29/09) manteve refém um funcionário de um hotel no centro de Brasília disse a pelo menos uma pessoa próxima que viajaria para a capital federal, onde ficaria famoso.

Ex-secretário municipal de Agricultura e candidato a vereador derrotado em 2008, o agricultor Jac Souza dos Santos, de 30 anos, também deixou três cartas, uma delas endereçada à própria mãe. Para se afastar das responsabilidades no comitê municipal de um candidato ao governo do estado, Santos alegou ao coordenador municipal da campanha, Maurílio Martins de Araújo, que viria a Brasília resolver um problema familiar e que estaria de volta ainda hoje.

Ainda não se sabe exatamente quando Santos chegou a Brasília. O que se sabe é que, por volta das 8h30 de hoje (29), ele se hospedou no Hotel Saint Peter e começou a executar o que, ao que tudo indica, já tinha em mente quando deixou Combinado. O agricultor subiu ao 13º andar do hotel, bateu na porta dos apartamentos mandando que as pessoas deixassem o prédio, alegando que se tratava de uma ação terrorista. A essa altura, Santos tinha feito um funcionário refém.

Além de manter o trabalhador parte do tempo sob a mira de um revólver, Santos algemou e amarrou no refém um colete que a Polícia Civil confirma conter material explosivo. De tempos em tempos, os dois surgem na sacada do quarto e Santos gesticula muito, com a arma na mão.

“Nem imagino o que pode ter acontecido. Esse menino é nascido e criado aqui na cidade e é muito gente boa”, contou Maurílio Martins Araújo. Ex-vereador de Combinado, ex-presidente da Câmara Municipal entre 2004 e 2008, Araújo conhece Souza desde antes de este assumir a Secretaria Municipal de Agricultura na gestão anterior (2009-2012). Embora o agricultor continue envolvido com a política local, Araújo afirma que ele nunca disse nada que levasse alguém a desconfiar do que ele tramava.

“Esse menino trabalha comigo e com outras 20 pessoas aqui no comitê. É nascido e criado aqui em Combinado e é muito gente boa. Sábado [27] à noite, ele esteve em minha casa e disse que tinha que ir a Brasília para resolver uma questão com a ex-mulher, com quem tem uma filha, mas disse que voltaria na segunda. Hoje, depois de ligar para ele duas ou três vezes, liguei a TV e vi essa desgraça”, acrescentou Araújo.

“Só agora eu soube que, antes de passar pela minha casa, ele já tinha dito a minha irmã que ia para Brasília, que ia ficar famoso e que iríamos ouvir falar muito dele. E que ele deixou as cartas. Uma para a mãe, outra para mim, detalhando as contas do comitê que têm que ser pagas”, detalhou Araújo.

Por causa das ameaças de Santos, o hotel foi evacuado e a área ao redor, isolada. Atiradores de elite foram posicionados nos prédios vizinhos. Policiais federais e agentes da Agência Brasileira de Inteligência  (Abin) também acompanharam a situação.

Por volta das 16h, Jac Souza se entregou para a polícia. Ele foi levado à 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte.  O refém deixou o hotel em um carro de polícia e passou despercebido por hóspedes e curiosos que acompanhavam o caso na rua em frente.

Segundo a polícia, o funcionário foi direto para casa acompanhado da esposa. Ele estava calmo e não precisou de atendimento médico.