POLÊMICA

Juíza impede menina de 11 anos de fazer aborto legal em SC

A Justiça de Santa Catarina mantém uma menina de 11 anos em um abrigo para…

Juíza impede menina de 11 anos de fazer aborto legal em SC
Juíza impede menina de 11 anos de fazer aborto legal em SC (Foto: Pixabay)

A Justiça de Santa Catarina mantém uma menina de 11 anos em um abrigo para evitar que ela faça um aborto legal. Vítima de estupro no começo do ano, a menina descobriu a gravidez com cerca de 22 semanas, mas ao ser encaminhada para uma unidade de saúde teve o procedimento para interromper a gestação negado. O caso foi revelado em reportagem do The Intercept nesta segunda-feira (20).

“Você suportaria ficar mais um pouquinho com o bebê?”, questiona a juíza, sugerindo que a menina ficasse “mais duas ou três semanas”, até a formação do feto evoluir a ponto de fazer um parto antecipado.

A menina descobriu a gestação aos 10 anos de idade, na época com 22 semanas e dois dias. Agora, ela está chegando à 29ª semana de gravidez e permanece no abrigo, longe da família, desde o início de maio.

A juíza Joana Ribeiro Zimmer afirma que a decisão, inicialmente, teria sido motivada para garantir a proteção da criança em relação ao agressor, mas que havia ainda outra razão: “Salvar a vida do bebê”.

Entenda o caso

Após descobrir a gravidez, a vítima e a mãe foram para uma unidade de saúde para fazer o aborto, mas a equipe se recusou a realizar o procedimento, pois, pelas normas da instituição, a intervenção é permitida apenas até a 20ª semana de gestação. Com isso, a família buscou autorização judicial.

O Conselho Tutelar acionou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) que, ingressou com o pedido para que a criança fosse levada a um abrigo de forma provisória. Além disso que, “se manifestou pela autorização da realização da interrupção da gravidez de forma antecipada”.

No entanto, a “realização depende de uma decisão balizada por critérios única e exclusivamente médicos, de modo a preservar a vida da criança e do feto”.

A juíza Joana Ribeiro destacou que a jovem foi encaminhada ao abrigo por conta de um pedido da Vara da Infância com o objetivo de proteger a criança do agressor. A suspeita é a de que a violência sexual contra menina ocorreu na casa dela.

Segundo a juíza, o aborto só seria possível com menos de 22 semanas de gestação ou 500 gramas do feto. A menina passou por três avaliações médicas recentes e segundo a magistrada, em nenhuma delas, falou-se em risco para a saúde da menor. O risco para a saúde da gestante é outro ponto que, quando autorizada pela Justiça, permite a realização do aborto.

O Tribunal de Justiça de Santa Catarina afirmou que o processo está em segredo de Justiça, pois envolve uma criança, e que instaurou um pedido de providências na esfera administrativa para apuração dos fatos.