DEPOIMENTO

Presidente da Anvisa confirma reunião para alterar bula da cloroquina contra Covid

Em depoimento aos senadores da CPI da Covid, o presidente da Agência Nacional da Vigilância…

Presidente da Anvisa confirma reunião para alterar bula da cloroquina contra Covid
Presidente da Anvisa confirma reunião para alterar bula da cloroquina contra Covid (Foto: reprodução/CNN Brasil)

Em depoimento aos senadores da CPI da Covid, o presidente da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, confirmou que houve uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro para tratar da possível alteração da bula da cloroquina para que o medicamento fosse indicado no tratamento do novo coronavírus. A informação foi evidenciada durante o depoimento do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na última terça-feira (4). O medicamento não tem eficácia científica comprovada contra a doença.

“Esse documento foi comentado pela Dr. Nise Yamaguchi”, afirma Torres. “Quando houve uma proposta, isso me causou uma reação mais brusca. Isso não tem cabimento, isso não pode”, completa Antônio. O presidente da Anvisa afirmou que a reunião ocorreu no quarto andar do Palácio do Planalto e que não tem conhecimento de quem efetivamente formulou a proposta.

Antônio ressalta que a cloroquina não deveria ser utilizada no tratamento contra o coronavírus. “Estudos apontam a não eficácia [da cloroquina]. Até o momento as informações vão contra o uso”, reforça.

O chefe da Anvisa pontua que apenas o laboratório que fabrica o medicamento pode pedir a alteração da bula do fármaco após comprovar com estudos que o produto tem eficácia contra alguma enfermidade. Após análise desses documentos, é que a Anvisa aprova ou não essa modificação.

Sputinik V

O presidente da Anvisa também reitera que o pedido da vacina de fabricação russa está em análise na agência, mas encontra-se parado devido a falta de documentações comprobatórias. “É uma questão regulatória. Não está em questão a relação entre Brasil e Rússia. Não espero, de maneira nenhuma, que impacte o entendimento entre os países”, afirma.

O impasse da Anvisa com a Sputnik V ocorreu desde o último dia 26 de abril, quando a agência negou o pedido de autorização emergencial da importação do imunizante. O Brasil já tinha o trâmite de aquisição de cerca de 39 milhões de doses do imunizante.

Além disso, falou sobre a negativa do certificado de boas práticas da fábrica do laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a Covaxin. Antônio, entretanto, afirma que há possibilidade do órgão reavaliar e regularizar a vacina no Brasil. “Conclamo a população que acredite e confie nas vacinas aprovadas pela Anvisa”, afirma Barra Torres.