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Resenha: Zenfone Zoom

A Asus está investindo pesado no Brasil. Foi um longo caminho desde o Zenfone 5…

A Asus está investindo pesado no Brasil. Foi um longo caminho desde o Zenfone 5 e a taiwanesa agora não tem mais vergonha de encher o mercado brasileiro com aparelhos de diferentes faixas de preço nem com diferentes públicos em mente sem a menor cerimônia. Poucos meses depois de um mega-evento para o lançamento do Zenfone 2, ela já lançou três celulares durante o evento Asus Onboard, no início do abril. O principal deles é o novo topo de linha da empresa, o Zenfone Zoom, revelado na CES de 2015 e que tem como diferencial uma câmera com zoom óptico de até 3 vezes e zoom digital de 12 vezes além de diversos atributos fotográficos manuais e personalizáveis.

Mas com uma variedade tão grande de aparelhos no mercado, inclusive da própria Asus, será que vale a pena investir em um Zoom? Ele não seria um celular muito nicho? Após um mês de uso diário com o aparelho diariamente, concluímos que o modelo é sim um excelente celular, mas que se você não é um grande fã de fotografia – amadora ou profissional – talvez ele não vá te chamar a atenção. Sob muitas perspectivas, o Zoom parece uma versão de luxo e com as arestas aparadas do Zen 2: uma versão refinada em specs e com um design e acabamento muito mais elaborado. O aparelho possui 4 GB de RAM e processador quad-core Intel de 2.5 GHz e memória de 128 GB. Sua tela é de 5,5” e possui resolução de 1080×1920 com vidro Gorilla Glass 4. A câmera traseira é de 13 MP e a frontal é de 5 MP. O software nativo é o Android Lollipop 5.0.

Pelas especificações já dá pra imaginar, mas o aparelho faz jus à posição de topo de linha. Muito dificilmente ele vai travar ou ficar lento: não tivemos nenhum problema desse tipo. O aparelho rodou suave vários aplicativos simultaneamente, inclusive programas de edição de fotos. Ele também é muito bom para rodar jogos e aguenta a bronca de games pesados sem problema. Testamos alguns títulos nele, como Final Fantasy Tactics, Horizon Chase, Hearthstone, Mortal Kombat X entre outros e todos rodaram bem. Uma característica do aparelho que me surpreendeu foi sua autonomia. Por ser parrudo e focado em fotografia, eu esperava que ele fosse drenar bateria, daqueles de se ter que andar com o carregador por aí. Fiquei surpreso ao descobrir que não é assim. Sem usar os recursos fotográficos do aparelho, o Zoom aguenta bastante, pra bem mais de 24h, assim como o Zen 2. As tarefas diárias básicas de checar redes sociais, enviar e-mails e editar textos não sugaram muita bateria, tornando o celular bastante competente para o dia a dia.

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Uma das fotos boas

Porém, quando se resolve jogar, filmar ou fotografar, as coisas mudam de figuras. Em alguns dias, tirei bastante fotos usando os vários recursos disponíveis como super definição, modo noturno, filmagem em full HD, etc e etc. Aí sim, neste caso, a bateria evaporou. Em dias de uso mais pesado, a autonomia caiu bastante, durando nem metade do dia, coisa de quatro a oito horas de uso. Isso não chega a ser exatamente um problema: é coerente que um consumo mais pesado sem perda de desempenho pese na bateria. Um bom detalhe de design, neste caso, é que ao contrário do Zen 2 a parte detrás do aparelho não esquenta demais quando se faz uso intenso dele. O Zoom esquenta, mas não parece que vai pegar fogo como os seus antecessores.

Agora o prato principal: a câmera. O zoom óptico de 3 vezes e os vários recursos manuais do celular são claramente o foco do aparelho. Em modo manual é possível bater o branco, regular o ISO, o foco, a abertura, a exposição e muito mais. Se você não sabe mexer nisso, a câmera possui vários modos, como o fiel automático, mas também modos de embelezamento, pouca luz, cena noturna, profundidade de câmera, miniatura, panorama, selfie, HDR, GIF, câmera lenta, passagem de tempo e super resolução. Ufa! E acredite: não são categorias cosméticas, elas realmente cumprem e bem o seu papel. Embora o modo automático seja competente, os modos noturno e de super resolução quebram um galho tremendo para fotógrafos amadores, além de possuir um foco a laser que facilita muito na hora de focar e que permite tirar fotos com uma proximidade muito grande.

As chances são que, se você é amador, as suas fotos vão sair acima da média, mas não se emocione: o Zoom não faz milagre. Eu sempre fui um fotógrafo medíocre e durante os testes consegui tirar algumas fotos muito boas por acidente. Porém, a grande maioria das fotos ficou no meu padrão de mediocridade: culpe o fotógrafo, não a câmera. Em alguns momentos, graças aos modos e configurações, consegui tirar fotos bem bacanas no escuro, mas o modo automático deixa a desejar neste ponto e tive dificuldades. A conclusão é que se você não tem o costume de tirar fotos em câmeras ou celulares, o Zoom dificilmente vai fazer diferença para você. Agora, se você possui mãos experientes, este aparelho com certeza vai te entregar uma performance e uma experiência fotográfica muito acima da média para celulares. Este foi o primeiro aparelho que vi que conseguir fazer frente à câmera personalizável do LG G4 e, graças ao zoom óptico, provavelmente desbancaria a concorrência.

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Testando o zoom

O design do aparelho também favorece muito a fotografia. Os botões voltaram para a lateral do aparelho, mas o destaque é que ele ganhou mais dois botões dedicados: um para fotografar e outro para filmar. O motivo para isso é simples: você não precisa clicar na tela para tirar uma foto, garantindo maior estabilidade. Além disso, fotografar como se fosse uma câmera é não só mais inteligente, como mais legal.

Aliás, o design como um todo é a parte mais impressionante depois da câmera. O Zoom é o primeiro celular da Asus com acabamento em couro preto ou branco. O aparelho também possui bordas arredondadas e acabamento de metal. É de longe o celular mais bonito da marca, mais bem acabado e mais resistente. Todo o design não é à toa: com uma câmera potente e delicada, um acabamento pior poderia não evitar danos em casos de queda. Um porém é que o aparelho ficou pesado e, mesmo tendo cuidado, o deixei cair um certo número de vezes. Muito bem: acabei testando a resistência sem querer. O metal e o Gorilla Glass 4 passaram com louvor: sem danos ou arranhões.

Porém, como esperado, nem tudo são flores. O Zoom se parece com o Zen 2 em muitas coisas, inclusive com problemas clássicos da Asus que parece que nunca vão se resolver. O primeiro e mais persistente deles é o bloatware. O ZenUI, versão modificada do Android que roda no aparelho não é ruim por si só, mas traz consigo uma quantidade assombrosa de aplicativos e programas inúteis e redundantes, sendo que muitos deles não podem ser removidos. Além da inconveniência de ter que deletar uma porção de programas que você não vai usar, ainda tem estes que não podem ser retirados. Claro, nem todos são ruins e alguns na verdade são bem úteis, como o Share Link, de compartilhamento fácil de arquivos. Mas ele é uma exceção e não a regra.

 

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Mesmo sendo um fotógrafo ruim, às vezes a paisagem ajuda

O que nos leva imediatamente para outro problema grande: enquanto todos os celulares topo de linha estão sendo lançados com o Android 6.0 Marshmallow, o Zoom não possui sequer o 5.1, mas o Lollipop. É impossível não julgar um aparelho tão robusto por vir com um SO tão atrasado – e, pior ainda, vulnerável – em comparação com a concorrência. Durante o evento de lançamento, foi dito que todos os aparelhos Zen devem estar rodando o 6.0 até o final do semestre, mas lançar o modelo atualizado seria melhor.

O teclado virtual nativo do aparelho continua irritante e nem um pouco instintivo com um auto-corretor deplorável, uma tradução ruim e de vocabulário limitadíssimo e um swipe que deixa muito a desejar. É muito difícil não abandoná-lo em troca de um melhor. Já o teclado na tela com as páginas de home e voltar continua com o mesmo problema dos anteriores: não é iluminado. O motivo permanece o mesmo: por questões de design, antenas passam por ali e a luz foi sacrificada. Faz sentido para o design, mas o consumidor não quer nem saber e realmente não é problema dele.

E, por fim, temos a câmera frontal que é igual à do Zenfone 2. Com toda a revolução e trabalho para a câmera traseira, fica fácil entender porque não foi possível trazer uma frontal de qualidade, mas muitos consumidores vão se perguntar: porque o Zenfone Selfie tem uma câmera de 13 MP na frente e este, que deve ser muito melhor, não tem? Uma revolução de cada vez, sim, mas eu esperava pelo menos 8 MP, pois a sensação que fica é que a câmera da frente foi simplesmente ignorada e que está lá só pra constar.

Enfim, vale a pena comprar um Zenfone Zoom? A resposta mais simples é: se você não vai usufruir da sua câmera potente, então é melhor ficar com o Zenfone 2. Os dois celulares são próximos e o Zoom entra pesado no nicho fotográfico, mas, se assim como eu, você prefere não tirar fotos, não há motivos para investir entre R$ 2.699 e 3.299 em uma câmera que você não vai usar. Agora, se você gosta muito de tirar fotos e pena com seu celular, o Zoom é ideal: com vários modos, zoom óptico, foco laser e modo manual profundamente personalizável, o aparelho é quase um parquinho de diversões nas mãos certas.