Polêmica

Sindicato dos motoristas de ônibus nega conluio com empresários para forçar aumento da tarifa

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittransporte), Adedimar…

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittransporte), Adedimar Gonçalves, nega que a entidade esteja em conluio com a Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) para “forçar” um aumento da tarifa de ônibus. Atualmente, o sindicato trava uma batalha com as empresas do setor para garantir o reajuste salarial aos servidores.

A ilação sobre um possível acordo entre os motoristas e os empresários foi do vereador Anselmo Pereira (PSDB), que em discurso na Câmara Municipal de Goiânia nesta quarta-feira (11) criticou a possibilidade de paralisação marcada pelo Sindittransporte para a próxima segunda-feira (15). “Essa greve nada mais é do que um conluio entre empresa e sindicato para promover o aumento da passagem de ônibus”, disse.

O vereador chegou a dizer que vai entrar com uma ação judicial para denunciar o que ele classificou como “aberração”. “Isto é um acordo macabro que irá penalizar os milhares de usuários do transporte público em Goiânia e região metropolitana. A greve, portanto, é apenas uma maneira das empresas forçarem o poder público a liberar esse reajuste”, ponderou.

Adedimar, porém, não vê lógica no pensamento de Anselmo. “O reajuste de tarifa são as empresas que estão correndo atrás. Nós [do Sindittransporte] não temos nenhum representante da CDTC”, afirmou.

Apesar disso, o sindicalista ressalta que as empresas estão atrelando o possível reajuste dos trabalhadores ao aumento da tarifa. “Eles estão alegando que estão com dificuldades e que precisariam do reajuste da tarifa para atender à demanda dos trabalhadores, mas isso são eles que resolvem. Nós estamos atrás do nosso reajuste”, declara.

Uma proposta de aumento da tarifa de R$ 3,70 para R$ 4,00 já foi aprovada pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), mas ainda não tem previsão de ser apreciada pela CDTC.

O presidente da entidade e prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas não retornou nossos contatos.

Contraproposta

Com a deflagração da greve dos motoristas marcada para a próxima segunda-feira (15), Adedimar afirma que a paralisação pode ser suspensa caso uma contraproposta apresentada em audiência no Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO) na última quarta (10) seja aceita pelos empresários e em assembleia pelos trabalhadores.

Conforme o sindicalista, durante a reunião foi sugerido que os empresários façam o reajuste relativo à inflação, retroativo a março deste ano, até que seja efetivado o aumento da tarifa, quando as partes voltariam a negociar. A medida seria uma forma de contornar as alegações do empresariado de que não podem atender às reivindicações dos trabalhadores devido a uma suposta dificuldade financeira.

Para que a proposta seja efetivada, ela precisa passar pelo crivo das empresas de transporte coletivo na região metropolitana. A expectativa é que uma resposta seja divulgada nesta sexta (12). Posteriormente, ela deve ser aprovada também em assembleia do Sindittransporte.

Originalmente, os motoristas pedem que seus salários sejam reajustados conforme a inflação mais o dobro do ganho real, e que o índice de reajuste do ticket alimentação seja de 25%, além da manutenção das demais cláusulas sociais da atual Convenção Coletiva, inclusive o anuênio. De acordo com o sindicato, as suas reivindicações já foram apresentadas ao SET em janeiro deste ano, mas, até agora, não receberam retorno.