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Tomate dispara quase 20%, some dos cardápios e já é vendido a 100 gramas para não assustar

No rali das frutas, legumes e hortaliças, o campeão de preços altos da vez é…

Fruto pode ser encontrado por até R$ 30 o quilo. Tomate dispara quase 20% e já é vendido a 100 gramas para não assustar
(Foto: Freepik)

No rali das frutas, legumes e hortaliças, o campeão de preços altos da vez é o tomate. O preço do fruto sobe há 20 semanas seguidas e levou feirantes, supermercados e restaurantes a improvisarem para não perderem a cliente.

Só em abril, o tomate já ficou 22,25% mais caro, e isso depois de ter subido 6,55% em março, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Numa loja de Brasília, os preços do tomate do tipo grape são expostos não mais por quilo, mas por 100 gramas. São R$ 2,99 — ou quase R$ 30 o quilo. Nas feiras do Rio, as bancas já oferecem a opção de venda por sacolas com os tomates já embalados e preços já definidos — tudo para não assustar o consumidor.

O saquinho de três tomates italianos era vendido a R$ 3 — ou um real por tomate — na terça-feira em Ipanema.

— O saco também ajuda a não estragar. Se eu comprar do tomate comum e empilhar aqui na feira, ele estraga rapidinho e eu perco dinheiro. Tenho comprado só do tomate italiano, que dura mais —afirma o feirante José Luiz Siqueira.

O feirante, que vende o quilo do produto a R$ 15, disse que nem sempre consegue repassar a alta das frutas e hortaliças para o cliente.

Na ponta da língua, quem passa pela feira responde sem titubear quando a pergunta é: que item mais subiu de preço nos últimos meses?

— O tomate. Mas estou comprando menos alface e banana, que subiram muito — diz a empregada doméstica Sônia Maria Santos.

A babá Secilma Souza, moradora de São Gonçalo, mudou o cardápio para driblar a alta dos preços. A carne ficou sem molho, e o tomate agora só dá cor na salada.

— Faço compras de 15 em 15 dias. Mas se antes eu colocava tomate na carne, fazia um molho, hoje eu compro menos e coloco só na salada.

Repassar preço ‘não é opção’ no restaurante

Humberto Carmello, dono do restaurante Vecchio Cappelletti, de São Paulo, diz que o produto é insubstituível e repassar a alta de preços não é uma opção, sob risco de perder a clientela.

— Fiz isso acreditando que o aumento vai ser sazonal, mas se fosse cobrir os custos, precisaria aumentar o valor do cardápio em 15%. Eu uso, por semana, entre 30 e 40 quilos de tomate, porque além de estar presente em quase todos os nossos pratos, é a base do molho pomodoro, o favorito do público — diz.

André Braz, da FGV, explica que, este ano, além da sazonalidade, a forte alta nos preços dos combustíveis encareceu o frete. Mas por que o tomate é o que mais tem subido nas últimas semanas?

Braz explica que a demanda não cessa: como muita gente não abre mão, o preço sobe mais. Braz, no entanto, tranquiliza o consumidor. Mesmo que ele não chegue ao valor do ano passado, vai parar de subir:

— Tomate, batata, cebola, alface sobem no verão. No calor, o clima é hostil para muitas culturas.Fatalmente, o clima ou sabota a horta com chuvas ou danifica as estradas, o que também é um problema para a produção. Estrada inundada, atoleiro, atrapalha de levar o produto para vender — esclarece o economista.

Já no começo do outono, a produção tende a se regularizar. Braz explica que quando o clima está seco, é possível irrigar a terra, mas os excessos do verão são desafios maiores para o produtor.

Mas, se o clima tende a ajudar daqui para frente, a pressão dos combustíveis não deve dar trégua.

— Não existe no radar uma queda dos preços dos combustíveis. Esse último aumento que aconteceu no meio de março, provavelmente não vai ser revisto para baixo.

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