Prazo de 12 meses

Após 248 casos de Leishmaniose, Porangatu deve construir abrigo para cães e gatos

Após 248 casos de Leishmaniose Visceral Canina registrados somente esse ano, a Prefeitura de Porangatu deverá…

Tramita na Câmara de Goiânia projetos de lei que protegem cães
Tramita na Câmara de Goiânia projetos de lei que protegem cães

Após 248 casos de Leishmaniose Visceral Canina registrados somente esse ano, a Prefeitura de Porangatu deverá construir abrigo para cães e gatos na cidade. A determinação é da juíza Ana Amélia Inácio Pinheiro, e se trata de ação civil pública com pedido de liminar do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). A cidade fica na região norte do estado e o prazo é de 12 meses.

A Leishmaniose Visceral (LV), de acordo com o Ministério da Saúde, é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. É transmitida por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. A transmissão ocorre quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados e depois picam outros animais ou até humanos, causando a enfermidade.

Na área urbana, de acordo com o laboratório Fio Cruz, o cachorro é o principal reservatório do parasita. Dentre os principais sintomas estão a perda de pelo, descamação da pele, emagrecimento, atrofia muscular, hemorragias nasais, anemia e alterações nas e articulações e em órgãos como rins e fígado.

Segundo levantamento da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), dentre os 1.058 casos da doença registradas  no estado em 2019, 248 foram em Porangatu (23,45%). Dados divulgados pela pasta ainda mostram que em 2018 foram registrados 116 em Goiás. Isso significa que, de forma geral, o número de casos da doença está 113% mais alto que no ano passado.

Outras medidas determinadas pela Justiça é que os profissionais do Centro Zoonoses do município passem por treinamento. E que haja campanhas de conscientização sobre posse responsável dos animais e castração. Foi proibido, ainda, que o Poder Municipal faça o sacrifício de cães e gatos saudáveis. A repressão estabelecida em caso de descumprimento da ordem judicial é multa diária de R$ 1 mil.

Quanto à pratica de eutanásia, o MP denunciou que cães recolhidos pela unidade de zoonoses local foram vítimas de maus tratos e mortos apenas sob suspeita de estarem com leishmaniose. Contudo, não foi feito exame para comprovar a doença.

A magistrada Ana Amélia requereu instauração de processo administrativo disciplinar para apurar a denúncia. “Não há como se coadunar que sejam praticados atos cruéis para o extermínio de animais, transformando esses centros em verdadeiros matadouros, quando referidos locais deveriam ser utilizados para promoção do bem-estar e melhora da saúde dos animais”, pontua a juíza.

O Mais Goiás tentou contato com o Centro de Zoonoses e com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porangatu na quarta-feira (4) e quinta-feira (5). No entanto, as ligações não foram atendidas. O espaço está aberto, caso haja interesse em se manifestar

Abrigo pode ser também uma bomba relógio

“Abrigo pode ser também uma bomba relógio”, é o que afirma o presidente da Comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Goiás (CRMV-GO), Geraldo Edson Rosa. “Não adianta pegar o animal da rua e colocar em um local, em muitos casos insalubre, e sem examiná-lo antes”, explica.

De acordo com o veterinário, membros do Conselho estiveram em Porangatu no primeiro semestre de 2019 para orientar o município sobre os cuidados necessários quanto a saúde pública dos animais. “O primeiro passo é ter equipe de veterinários na Prefeitura, deve haver também a vigilância do flebótomo (parasita responsável pela contaminação), e também a limpeza de lotes baldios, já que o protozoário se reproduz em material orgânico”, pontua. Além disso, reitera a importância da conscientização sobre posse responsável e campanhas de vacinação.

Por fim, quanto aos números levantados pela SES, o presidente faz duas constatações. “Sobre os dados de 2018 e 2019, devemos ter cuidado para saber se esse número de fato aumentou ou se a vigilância melhorou. Mas de qualquer forma, a Leishmaniose é uma doença séria e não tem uma receita de bolo para evitar”, diz.  “Se for o caso de um animal for diagnosticado com a doença, a eutanásia é o indicado pois é um caso em que suprime a dor de um animal e protege o coletivo”, finaliza.