Imbróglio

Homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia

Um homossexual denuncia com exclusividade ao Mais Goiás que foi agredido dentro de uma boate do…

Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia
Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia

Um homossexual denuncia com exclusividade ao Mais Goiás que foi agredido dentro de uma boate do Setor Marista, em Goiânia. O caso aconteceu na madrugada da última segunda-feira (25). De acordo com a vítima, de 26 anos, outro rapaz, identificado como A.J.L.F, os agrediu com socos e chutes. O homem pediu para não identificá-lo. O produtor de eventos sofreu lesões na cabeça.

Os advogados da vítima, Lucas Marcelo de Oliveira e Petterson de Oliveira Arraes, destacam que vão tomar providências na esfera criminal e civil. “É um absurdo em pleno o século XXI existir essas barbaridades. Iremos pedir indenizações por dano material e moral”, afirma Lucas Marcelo.

Versão da vítima

De acordo com o produtor de eventos, ele conheceu uma outra pessoa na boate. Posteriormente, teria encontrado outros amigos. Ele, então, subiu para o camarote que ficava no mezanino do espaço. Em determinado momento, o suposto agressor teria tentado puxar conversa, mas teria sido ignorado.

A vítima ainda relata que, em seguida, foi dançar com uma amiga. Quando retornou ao camarote, ele ficou abraçado com o companheiro. Nesse momento, A.J. teria iniciado as agressões. “Eu lembro que ele veio para cima de mim e já me deu vários murros. Ele gritava: ‘seus gays’ e ‘seus viados’. Foi quando fizeram uma barreira na minha frente e retiraram ele de lá”, conta. O produtor de eventos foi ao hospital inconsciente. Ele foi submetido a uma tomografia e ficou constado que teve pequenas lesões do lado esquerdo da cabeça.

Viaturas da Polícia Militar (PM) foram acionadas. O suposto agressor aparece em vídeos gravados fora da boate e diz que uma das vítimas teria feito ato obscenos. Além disso, o homem afirma que o pai dele “é a pessoa mais rica do Mato Grosso.”

A vítimas nega e pontua que sequer tinha visto o homem dentro da casa noturna. “Eu sempre vou lá e já conheço muitas pessoas que trabalham lá. Nunca tinha passado por essa situação. É muito constrangedor. Como trabalho com isso, sei o como é complicado”, pontua.

Por meio de nota, a boate classificou o fato como “lamentável”. E diz que repudia qualquer discriminação por sexo, raça ou religião. Além disso, destaca que, no momento da confusão, toda a equipe de segurança foi mobilizada e que a empresa está “à disposição para sanar e dirimir qualquer dúvida, auxiliar e instruir as investigações no que for necessário.” (Leia a nota completa no final do texto).

De acordo com o boletim de ocorrências registrado na Central de Flagrantes, o celular da vítima ficou completamente destruído durante a confusão.

Comemoração via rede social

A.J. foi preso em flagrante e solto após pagamento de fiança no valor de R$ 1 mil. Antes disso, em um perfil de uma rede social, ele postou uma foto de dentro da sala com a seguinte legenda: “Boa noite…Só para quem dormiu bem essa noite”, seguida de emojis de risos.

Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia

Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia (Foto: Divulgação)

Além disso, na noite de segunda-feira (25), o suposto agressor divulgou uma comemoração por meio de uma transmissão ao vivo. Em determinado momento, ele segura um amigo e pergunta o motivo da comemoração. E responde: é porque ele está liberdade. Na mesma gravação, muitos comentários chamam A.J de “presidiário”, “detento” e uma pessoa até avisa: “vê se não vai preso hoje de novo!”

Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia (Foto: Divulgação)

Casal homossexual denuncia agressão dentro de boate, em Goiânia (Foto: Divulgação)

Outra versão

Ao Mais Goiás, A.J. afirmou que agiu em legítima defesa porque o produtor de evento o teria assediado. O estudante de Agronomia conta que estava na casa noturna e conheceu uma garota. O rapaz de 26 anos teria apalpado o órgão genital e tentado tirar a roupa de A.J. dentro da boate. O agressor nega que tenha conversado com as vítimas.

“Eu nunca tratei ninguém mal, mas eu não aguentei ser assediado. Eu não sei se ele estava embriagado, mas ele não me tratou com respeito. Ele me assediou e isso é crime. Eu sei que tô errado por ter agredido, mas eu tô tranquilo, pois eu não sou homofóbico”, ressalta.

Ele ainda justifica que tem amigos homossexuais e que vários estavam com ele na transmissão ao vivo feita via rede social. “Para algumas pessoas, é muito irônico ver homossexuais me defendendo. Mas porque aqueles que ali estavam me conhecem, conhecem meu caráter e sabem que nunca tratei ninguém mal ou de forma desrespeitosa”, pontua.

Sobre a foto de dentro da prisão, ele destaca que não estava em uma cela e, sim, numa sala reservada. Sobre a transmissão ao vivo, diz que queria ser visto pela mídia. “Eu brinquei. Não tinha ninguém na sala e não vi problema em tirar a foto. Já na gravação, a pessoa que mais dividia a tela comigo era um amigo meu que é homossexual. Há muito julgamento e criminalização, mas eu só falei a verdade. Só quem foi assediado sabe o que é isso. Isso não se faz!”, ressalta.

A.J. afirma que não se arrepende está confiante em provar a inocência. E mais: vai denunciar o rapaz que agrediu por assédio. “Nunca fiz isso com mulher nenhuma porque meus pais me deram uma boa educação. Minha consciência está limpa e eu tenho fé em Deus que tudo vai se resolver. Eu confesso que perdi minha razão, mas eu tenho respeito a qualquer ser humano, seja ele por cor, crença ou orientação sexual. Porém, eu só queria uma coisa: respeito”, finaliza.

Investigação

O caso foi registrado na Central Geral de Flagrantes e foi revertido para o 8º Distrito Policial, que fica no Setor Pedro Ludovico. O caso ficará sob responsabilidade do delegado Maurício Massoboro Kai. Procurado, ele contou que ainda não teve acesso ao inquérito e, apenas após tê-lo em mãos, é que poderá iniciar as investigações.

 

Nota completa da boate:
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A empresa, bem como todos seus sócios e funcionários expressam seu total repúdio a esse ato, bem como qualquer descriminação [sic] por sexo, raça ou religião, o qual infelizmente, ainda nos deparamos com fatos lamentáveis como este.

Na hora do fato, toda a equipe de segurança foi mobilizada para cessar a agressão, a retirada do agressor de dentro do estabelecimento e entregá-lo aos agentes da Policia Militar do Estado de Goiás, para as providências cabíveis.

O noticiado constrangimento sofrido por esse casal é extremamente grave e lamentável.

A casa está à disposição para sanar e dirimir qualquer dúvida, auxiliar e instruir as investigações no que for necessário.

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