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Deputados pedem que igreja evangélica de Rio Verde seja investigada por ‘cura gay’ após morte de Karol Eller

Representação foi enviada ao MPF; Pastor Wellington Rocha afirma que igreja não promove a 'cura gay'

Representação foi enviada ao MPF Deputados pedem que igreja evangélica de Rio Verde seja investigada por cura gay após morte de Karol Eller

Na última segunda-feira (16), os deputados federais do PSOL Erika Hilton (SP), Pastor Henrique Vieira (RJ) e Luciene Cavalcante (SP) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) pedindo que a igreja Assembleia de Deus de Rio Verde seja investigada por promover a prática de “cura gay“. Eles apontam que a congregação é responsável pelo retiro “Maanaim“, que supostamente oferece serviços para “converter” jovens homossexuais e bissexuais à heterossexualidade. O local teria sido frequentado pela influenciadora digital Karol Eller, que morreu na última quinta-feira (12), em São Paulo, aos 36 anos.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a morte de Eller foi registrada como suicídio no 27º Distrito Policial da capital. O episódio teria ocorrido um mês após a influencer anunciar a sua “conversão“.

“Os tratamentos de ‘cura gay‘ são verdadeiras práticas de tortura e agressão a toda população LGTBQIAPN+, cuja orientação sexual ou designação de gênero são características inerentes a cada sujeito, sendo impossível sua alteração”, afirmam os parlamentares na representação.

Os deputados destacam que a prática da ‘cura gay’ é vedada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e sugerem que seja movida uma ação pelos crimes de homotransfobia, tortura psicológica e incitação ao suicídio.

O CFP proíbe terapias de reversão sexual em pessoas LGBTQIA+, sob o argumento de que não é possível curar uma doença que não existe.

“A conduta criminosa de tratamento de cura gay deve ser imediatamente coibida, assim como investigadas as vítimas já submetidas a tamanha violência, para que vidas sejam preservadas”, diz a representação.

Os políticos ainda afirmam que o retiro promovido pela Assembleia de Deus de Rio Verde também ocorre em outras localidades do país, e pedem que o MPF investigue esses casos.

“Não existe nada de verdade nisso”

O Mais Goiás entrou em contato com o pastor Wellington Rocha, responsável pela Assembleia de Deus de Rio Verde, que afirmou não promover a ‘cura gay‘ na igreja. “Não existe nada de verdade nisso. Não sabemos qual o objetivo desse pessoal [deputados]”.

O religioso anunciou que planeja se posicionar melhor sobre o caso futuramente. No Instagram, ele publicou diversas homenagens à Karol Eller. “O que deveríamos ter feito pra você não ter parado Karol?”, legendou Rocha em um vídeo.

“Eu não sei como seria sentir saudade e ao mesmo tempo não ter esperança. Doi demais!”, escreveu o pastor em outro vídeo. “Deixo aqui minhas palavras de sentimentos a toda família. Aos amigos força e vamos continuar a luta”, publicou o pastor ao lado das hastags  #patriotas #depressão e #bolsonaropresidente.

“Ajudamos a Karol financeiramente, emocionalmente e espiritualmente”

O portal entrou em contato com o retiro espiritual Maanaim, que também negou promover a ‘cura gay’. A organização religiosa confirmou que Karol participou do retiro em Rio Verde.

“A Karol conheceu o Maanaim através de uma live na qual ela fez dizendo que iria tirar a sua vida. Nessa live o pr. Welligton ofereceu ajuda e, desde então, eles começaram uma amizade. Ela veio em Rio Verde pela primeira vez e participou do retiro, como qualquer outro culto“, disse a organização.

“Jamais foi imposto a Karol a obrigação de virar hetero. Auxiliamos ela financeiramente, emocionalmente e espiritualmente, com ajuda psiquiatra, psicóloga e acompanhamento pastoral“, acrescentou o retiro, dizendo que Karol “tinha um carinho enorme pelo pastor Wellington”.

“Ela foi abraçada pela igreja e chegou a vir de surpresa para o aniversário do Pr Wellington. Ela ainda afirmava que sua sexualidade era o menor dos problemas”, conclui o retiro Maanaim.

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