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Estudante de Direito da PUC-GO é investigado por cometer crimes sexuais dentro da instituição

Um estudante do primeiro período de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) está…

Um estudante do primeiro período de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) está sendo investigado por casos de importunação ofensiva ao pudor que teriam ocorrido dentro do ambiente acadêmico. Conforme as denúncias, ele teria investido contra pelo menos cinco alunas e uma funcionária da instituição na última sexta-feira (5) e nesta segunda-feira (8).

A delegada Ana Elisa Gomes Martins, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), detalha que as vítimas relataram ser incomodadas pelo rapaz, de 19 anos, que as importunava física e verbalmente. “Ele dizia ofensas sexuais e chegou a tocar o corpo de algumas delas. Apesar disso não houve violência física. Aparentemente o objetivo dele era mesmo causar constrangimento”, descreve.

De acordo com a delegada, as vítimas não eram do convívio do agressor e teriam sido escolhidas aleatoriamente por ele. A maior parte dos casos teria ocorrido dentro de banheiros femininos da universidade no Campus V (Jardim Goiás) e na Área 2 (Setor Universitário) e, por isso, não foram registrados por câmeras de segurança, que foram utilizadas, porém, para que o suspeito fosse identificado pelas vítimas. O suposto agressor foi ouvido pela polícia nesta terça (9) e, segundo a delegada, aparenta sofrer de transtornos psicológicos.

Ana Elisa ressalta que o caso já está praticamente finalizado e que, como as ações do investigado se enquadram em um crime considerado de menor potencial ofensivo, ele deve responder às acusações em liberdade. “Cabe ao Judiciário aplicar medidas alternativas, como algum tipo de restrição, prestação de serviços ou multa pecuniária. Caso essas medidas não sejam cumpridas, aí o juiz pode decretar a prisão”, esclarece.

Por nota, a assessoria de imprensa da PUC-GO declarou que a instituição, tão logo foi comunicada sobre possíveis casos de desrespeito contra mulheres, “adotou todas as medidas cabíveis para identificar o responsável, bem como garantir tranquilidade e apoio às autoras das denúncias”. A universidade afirmou também ter identificado rapidamente o suposto responsável, comunicado o caso às autoridades competentes e prestado assistência jurídica para o registro da ocorrência.

Outros casos

Ana Elisa também está a cargo de outro caso recente envolvendo crime sexual e o nome de uma instituição de ensino do Estado. Desde o fim da última semana, ela apura a denúncia de uma estudante de Veterinária do campus de Jataí da Universidade Federal de Goiás (UFG) que acusa um professor da unidade de estuprá-la em Goiânia. O caso teria acontecido em dezembro do ano passado, mas só agora, após acompanhamento psicológico, a vítima teve coragem de denunciar o caso.

O crime, explica a delegada, está sendo apurado em parceria com a Polícia Civil de Jataí, já que vítima, suspeito e todas as possíveis testemunhas residem naquele município. “Não temos como obrigá-los a vir a Goiânia, então eles serão ouvidos na delegacia local”, conta.

Para a delegada, trata-se de um caso de extrema complexidade, já que o registro do crime foi feito muito tempo depois do fato, o que impossibilita o trabalho com provas periciais, que seriam conclusivas. Resta, agora, ter como base as palavras das vítimas – que em casos como esse são preponderantes – e das testemunhas.

Conforme apurado, o estupro teria ocorrido em uma noite em que a vítima havia saído para um bar com o professor. Posteriormente, depois de voltarem para o apartamento onde estavam hospedados com outros estudantes, ela teria acordado com o suspeito nu sobre o corpo dela.

No momento, as delegacias de Goiânia e de Jataí trabalham para localizar as testemunhas que estavam no apartamento e o dono do imóvel, que também seria professor. Somente após as oitivas deles o suspeito deve ser ouvido.

Apesar de casos como os listados na matéria ganharem grande repercussão, Ana Elisa destaca que denúncias de crimes sexuais dentro do ambiente escolar não são levados às autoridades com muita frequência. Segundo ela, estes foram os únicos que chegaram até a Deam neste ano.

“No ambiente escolar existe um convívio intenso, a troca de conhecimentos, mas o machismo também impera. Não é diferente do que acontece fora dele: há vulnerabilidade da mulher”, pontua a delegada. “Acredito que devem acontecer muitos crimes, sim, mas passam batidos ou as mulheres não querem se mobilizar, por medo ou vergonha, mas percebo que essa mentalidade está mudando”, conclui.

Falso estupro

No ano passado, Ana Elisa foi responsável por apurar o caso de um suposto estupro que teria acontecido no campus Samambaia da UFG que gerou revolta no ambiente estudantil. Em 14 de junho de 2016, o estudante de Relações Públicas Daniel Bezerra da Silva Junior, então com 20 anos, denunciou pelo Twitter ter tentado socorrer uma garota que ele viu descendo de um carro preto, machucada e com as roupas rasgadas. Segundo ele, a jovem teria acabado de ser abusada sexualmente. A principal prova seria uma calcinha suja encontrada posteriormente em um dos banheiros da instituição, que pertenceria à vítima.

Durante as investigações, porém, a titular da Deam recebeu uma imagem do circuito interno de segurança da UFG que mostra Daniel, no dia 7 de junho, virando a câmera do banheiro onde a suposta vítima teria entrado. Como a jovem nunca apareceu nem foi identificada, a Polícia Civil concluiu que tratava-se de uma falsa comunicação de crime. Apesar disso, Ana Elisa explica que Daniel ainda não responde criminalmente sobre o caso porque os exames periciais da calcinha ainda não foram concluídos. “Preciso dos laudos para encerrar as investigações”, diz.