DESFECHO

Estudante que usava balsa adaptada para estudar em Crixás terá rota segura, garante Seduc

De acordo com pai, prefeitura relutava em apontar uma solução; Ao saber da história, Seduc-GO providenciou 'rota alternativa'

Pai monta balsa para levar filha até escola (Foto: Reprodução)

A Prefeitura de Crixás e a Secretaria de Estado de Educação do Estado de Goiás (Seduc-GO) criaram uma rota que pudesse atender a estudante A.J, de 11 anos de idade que tinha de atravessar o Rio Crixás-Açu com uma balsa adaptada por seu pai para poder estudar numa escola da cidade. O caso foi revelado com exclusividade pelo Mais Goiás no último sábado (27).

A rota alternativa que atenderá a pequena A.J foi criada, mas sua operação ainda não começou. O pai da jovem, Júlio César disse ao Mais Goiás que espera que nos próximos dias vem tudo seja resolvido. “Tudo se resolveu, após o vídeo ser publicado, nos deram atenção e agora vão começar a nos atender. Até a semana que vem tudo deve ser resolvido”, ao ser procurado pela reportagem nesta sexta-feira (2).

A Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc-GO) garantiu que assim que soube a história da estudante entrou em contato com a Prefeitura de Crixás para dar início às conversas que pudessem resolver o problema que Júlio Cesar e a filha, AJ passavam. Como o município tem convênio com a Seduc e recebe repasses para transportar os alunos que moram na região, o assunto se resolveu.

De acordo com a pasta, há um repasse feito aos municípios por meio de convênio. “ Anualmente, a Seduc/GO realiza 10 repasses aos municípios parceiros de modo a viabilizar a realização do transporte dos alunos das escolas estaduais e municipais, assegurando despesas com combustível e manutenção”, destacou.

“Tendo em vista que Crixás é um dos municípios parceiros na realização do transporte escolar, a Seduc/GO, por meio da Gerência de Transporte Escolar, Logística e Serviços, entrou em contato com a Prefeitura visando buscar alternativas para melhorar o atendimento à estudante”, destacou a Seduc por meio de nota. “Após as tratativas, a Seduc/GO apresentou uma rota alternativa de transporte escolar à família da estudante”, completou.

RELEMBRE

O início das aulas para a filha de Júlio César, A.J., de 11 anos de idade, não é fácil. Sem que haja uma ponte segura que permita a travessia ou uma linha de transporte escolar que passe próximo a sua residência, o operador de máquinas usou a criatividade, juntou as ferramentas e montou uma barca onde se arrisca para atravessar o rio Crixás-açu.

Júlio César, a esposa Rosana e a filha moram na zona rural de Crixás de Goiás. São aproximadamente 30 minutos de travessia até chegar ao ponto onde o transporte escolar passa. O trajeto já é perigoso por natureza. E ainda há intempéries no meio do caminho. “Hoje mesmo ela não foi para aula. Choveu muito à noite e encheu o rio. Nem na balsa deu para passar”, comentou.

Júlio sai de casa aproximadamente às 10h30 para chegar até 11h na parada, onde a van que leva os meninos à escola passa. No ponto, relata que, às vezes, ainda espera mais alguns minutos até o veículo passar em um local sem estrutura adequada. “Se chove não tem ponto de apoio, não tem nada. Ontem eu embrulhei ela em uma lona, porque tava chovendo.”

A.J. estudava até o ano passado em uma escola rural próximo à sua casa, mas Júlio conseguiu uma vaga no Colégio Estadual Prudêncio Ferreira de Faria em outubro de 2023, uma das 82 unidades militares existentes em Goiás. O operador de máquinas relata que até já tentou ir à prefeitura pedir que a linha escolar passe próximo à sua residência. O que ouviu foi que, como a escola é estadual, quem deve providenciar o traslado é o Governo de Goiás.

O retorno da escola é ainda mais atemorizante. A travessia é feita à noite e a pequena chega por volta das 20h em casa. O sentimento de descaso já fez com que os pais pensassem até em tirar a filha da escola. “Ela já veio com muito medo. A mãe dela fica apreensiva, as vezes até chora. A gente não quer tirar ela de maneira alguma da escola, mas já cogitamos isso”, explica o pai que indignado, reforça ter todos os impostos pagos em dia.