PMs que mataram agente de trânsito em surto agiram em legítima defesa, diz inquérito
Na ocasião, Vinícius Vieira Brito manteve a namorada em cárcere por 12 horas

A Polícia Civil de Goiás concluiu que os dois policiais militares envolvidos na morte do servidor público municipal de Goiânia que estaria em surto agiram em legítima defesa. O inquérito foi enviado à Justiça em 17 de janeiro e O Popular teve acesso a ele.
O caso aconteceu em 3 de abril e Vinícius Vieira Brito, 40, estaria em um possível surto psicótico em seu apartamento no centro, ocasião em que manteve a namorada em cárcere por 12 horas. Vizinhos ouviram o pedido de socorro da mulher e acionaram a Polícia Militar (PM). Desarmado, o homem foi atingido por três de nove tiros efetuados – dois na perna e um no peito.
Conforme o inquérito, Vinícius estava em um “explícito surto psicótico” agravado por uma “deficiência intelectual”. O documento apontou, ainda, que ele fazia uso de medicamentos controlados e drogas ilícitas, pois, segundo testemunhas, era bipolar e fazia tratamento psiquiátrico. A namorada disse que ele não a machucou.
Para o delegado Vinícius Teles da Silva Costa, responsável pelo inquérito, os PMs deveriam ser capazes de “imobilizar a vítima sem a necessidade de disparos de arma de fogo”. Entretanto, pelo contexto narrado, a vítima teria ameaçado a namorada de morte, junto ao cárcere. Dessa forma, era “razoável” que os agentes entendessem que ele tivesse, pelo menos, uma arma branca em mãos – nenhuma foi encontrada.
Um vídeo gravado por vizinhos mostra que os policiais “agiram com prudência, verbalizaram insistentemente, arrombaram a porta, mas não invadiram a habitação, conversaram e tentaram chamar um negociador”, diz trecho do documento. E ainda: “O desfecho trágico ocorreu por conta do avanço da vítima contra eles que, receosos de terem uma arma subtraída, após alvejarem a perna de Vinícius, atiraram contra seu peito, pois o primeiro disparo não fora suficiente para cessar a ameaça.”
O suposto confronto, todavia, não teve testemunhas, pois o vizinho que gravava desceu para outro andar. Vinícius estava afastado do serviço na secretaria municipal de Mobilidade (SMM) há seis meses para tratamento psiquiátrico e lutava contra uma depressão profunda, conforme apurado pelo Mais Goiás, à época.
Naquele momento, a SMM emitiu uma nota de pesar:
“A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) manifesta o seu mais profundo pesar pelo falecimento do agente de trânsito, Vinícius Brito, neste domingo (31/03).
Neste momento de profunda dor e consternação, a Mobilidade se solidariza com todos os familiares, amigos e colegas de trabalho pela partida precoce.
Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com o agente Vinicius, que será sempre lembrado pelo profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência e competência.
Nossos mais sinceros pêsames.“