DISCRIMINAÇÃO

Jovem diz que foi impedido de cantar em igreja de Goiânia por causa do cabelo

O músico Pedro Henrique Santos, de 22 anos, diz que foi vítima de discriminação por causa do…

Foto: Google Maps

O músico Pedro Henrique Santos, de 22 anos, diz que foi vítima de discriminação por causa do seu cabelo antes de uma apresentação musical na Igreja Adventista do Sétimo Dia do Solar Ville, em Goiânia. O fato aconteceu no último sábado (5).

O quarteto de Pedro se chama “Cônsagrus”. Estava combinado que eles cantariam em uma celebração naquele dia. Mas uma das organizadoras do evento teria dito que ele não poderia cantar por uma decisão do ancião. O ancião, segundo ela, afirmou que Pedro “não tinha o jeito adequado” para se apresentar.

Ao Mais Goiás, Pedro relata que ouviu esta justificativa da própria organizadora.

A situação pegou o quarteto de surpresa e causou profundo constrangimento. Pedro tem convicção de que o veto está relacionado ao seu cabelo, que é cacheado e volumoso, uma vez que nenhum dos outros integrantes do quarteto foi barrado. O rapaz diz que o pastor foi chamado para tentar intermediar, mas sem sucesso.

Pedro confirmou que vai registrar o caso junto à Polícia Civil | Foto: Reprodução

Por conta do ocorrido, os outros integrantes do quarteto decidiram também não se apresentar e alguns dos organizadores chegaram a pedir desculpas pela atitude do ancião”. Conforme Pedro, que é músico desde os 12 anos e sempre se apresentou em instituições religiosas em Goiás, algo semelhante nunca havia ocorrido. “Foi uma sensação ruim. Foi a primeira vez que acontece comigo, eu sempre cantei”, lamenta.

Ao Mais Goiás, Pedro revela que deve registrar um Boletim de Ocorrência por racismo ainda hoje (7).  A igreja se manifestou por meio de nota. Confira:

A Igreja Adventista do Sétimo Dia em Goiás esclarece que não compactua com nenhuma forma de discriminação e que está apurando um possível desentendimento entre seus membros no último sábado (5), envolvendo uma pessoa que se sentiu vítima de algum tipo de discriminação. Vale ressaltar, que o membro em questão possui um ministério musical e tem se apresentado em diversas congregações adventistas do estado há anos. A instituição lamenta que ele tenha se sentido ofendido nessa ocasião.

Ao mesmo tempo, a igreja reforça seu posicionamento e orientação totalmente favoráveis ao tratamento amorável, cordial e bondoso em relação às pessoas que se aproximam da comunidade adventista. Inclusive o amor ao próximo e o acolhimento são aspectos permanentemente trabalhados junto à liderança das congregações.

A igreja reitera, ainda, que foi votada, em âmbito mundial, no ano de 2020, uma declaração sobre racismo, sistema de castas, tribalismo e etnocentrismo. O documento norteia as ações das igrejas locais nesse sentido. Além disso, a organização já possuía uma declaração contrária ao racismo, datada de 1985.

O documento, do ano passado, afirma que “mantemos nossa fidelidade aos princípios bíblicos de igualdade e dignidade de todos os seres humanos diante das tentativas históricas e contínuas de usar cor da pele, lugar de origem, casta ou linhagem percebida como um pretexto para um comportamento opressivo e dominador. Essas tentativas são uma negação de nossa humanidade compartilhada, e deploramos toda agressão e preconceito como uma ofensa a Deus”.

Diante dos fatos, a Igreja Adventista em Goiás se coloca à disposição das autoridades para colaborar com o caso.