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Jovem internada com doença da ‘urina preta’ deixa a UTI em Goiânia

Kelly Silva, de 27 anos, saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em que estava…

Com 78%, Goiás está entre as maiores ocupações de UTI no País
Com 78%, Goiás está entre as maiores ocupações de UTI no País (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Kelly Silva, de 27 anos, saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em que estava internada em um hospital particular em Goiânia, na última sexta-feira (16). A jovem foi diagnosticada com a Síndrome de Haff, mais conhecida como “doença da urina preta”, após consumir um prato de comida japonesa em Goianésia, cidade onde mora. Agora, ela segue em tratamento na enfermaria.

Kelly ficou 24 dias internada na UTI, sendo 10 dias intubada pela gravidade da doença. “Paciente segue sem intercorrências nas ultimas 24h. A equipe está otimista e feliz com a evolução da Kelly e permanece empenhada em proporcionar a melhor recuperação para a paciente”, diz o boletim de saúde da unidade hospitalar.

Kelly começou a sentir os primeiros sintomas no último dia 24 de junho, um dia após ela ingerir comida japonesa com uma prima. Para um jornal da capital, o pai dela, Nivaldo Carlos da Silva, contou que a jovem já era acostumada a fazer o consumo da culinária oriental e que a filha chegou bem em casa naquele dia.

Porém, no dia seguinte, a jovem já apresentou vômito, diarreia e fraqueza. Diante do agravamento do estado de saúde dela, a família decidiu encaminhá-la para o pronto-socorro de Goianésia. No local, ela recebeu medicação, mas o estado de saúde não apresentava melhora. No último dia 25 de junho, a jovem começou a perder os movimentos das pernas, braços e cabeça. Com isso, a família decidiu trazê-la para Goiânia.

Segundo os familiares, o médico que acompanhava a jovem quis entender melhor o que teria acontecido para que ela chegasse em tal situação e, ao ouvir o relato, já identificou que a jovem estava com a popular “doença da urina preta”. A jovem foi intubada no dia 29 de junho e, no dia posterior, foi submetida à hemodiálise, já que a doença ataca principalmente os rins.

A Polícia Civil de Goianésia investiga o caso.

Síndrome de Haff

A infectologista Ana Rachel de Seni, explica que a síndrome está associada a uma toxina que é liberada do peixe que está contaminado. A substância não tem gosto nem cheiro específico, o que torna mais complexa a sua percepção.  Porém, ela afirma que tem que ter bastante atenção ao comprar o produto que é extremamente perecível.

“É uma doença rara e aguda, ou seja, acontece de forma repentina. É uma intoxicação alimentar causada por uma toxina liberada por alguns peixes de agua doce e crustáceos, quando esses não são armazenados e preparados de forma adequada. Ela é caracterizada por lesão das células musculares. A urina fica de coloração preta, pois há uma destruição importante das células musculares e liberação de uma proteína presente nos músculos chamada mioglobina, que tem a coloração escura. Ela é filtrada pelos rins e assim a urina fica preta”, explica.

De acordo com a médica, os sintomas acontecem geralmente após 24 horas após ingestão de peixes e crustáceos contaminados e sintomas mais comuns são dor muscular intensa, fraqueza, dificuldade para andar, falta de ar e em casos mais graves pode apresentar insuficiência renal e o paciente evoluir para a hemodiálise. “É uma doença rara, mas é preciso que a pessoa esteja atenta à procedência do alimento. Como está associada ao consumo de peixes e crustáceos, saber a procedência desses alimentos, como foram adquiridos, como foi o transporte, como foi o armazenamento, se está na temperatura adequada”, alerta a especialista.

Perecível

Como o peixe é perecível, a nutricionista Sonalle Carolina dá dicas sobre cuidados que deve-se ter com ao escolher o alimento. A especialista ressalta que para a escolha de um peixe fresco é importante avaliar se o pescado possui camada de gelo suficiente para manter a temperatura (-0,5 a -2 ºC) e observar as principais características para selecionar o peixe.

Entre as recomendações para consumo, a nutricionista afirma que há uma variedade de peixes que podem ser consumidos. De acordo com a sazonalidade os melhores são: cação, linguado, namorado, olhete, pintado, sardinha, tainha e truta. Para além da sazonalidade, a especialista sugere o consumo da tilápia, tendo em vista que esta é uma espécie facilmente encontrada no mercado.

A atenção para o consumo de peixes não deve estar apenas no ato da compra, mas também no armazenamento ao qual o alimento será submetido. Sonalle explica que o ideal é não quebrar a cadeia do frio, então seria interessante já ir à peixaria com o isopor ou conserva com gelo, caso isso não aconteça, os peixes devem ser armazenados o mais breve possível em geladeira ou freezer. “Caso o consumo seja rápido, o peixe pode ser armazenado em até 24 horas em geladeira, desde que retirado as vísceras. Se o consumo ultrapassar esse tempo, congelar por no máximo três meses”, orienta.