Justiça absolve pai que matou motorista após atropelamento do filho em Goiânia
“Agora ele poderá, de fato, começar a enfrentar a dor dessa perda, sem carregar o peso dessa acusação", disse o advogado de defesa
Foi absolvido, na manhã desta quarta-feira (10), Dedilson de Oliveira Sousa, que viu o filho ser atropelado e matou a pedradas o motorista Francilei da Silva Jesus em Goiânia, em 17 de dezembro de 2022. O julgamento ocorreu na 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da capital. O acusado respondia por homicídio privilegiado e, durante a sessão, o próprio Ministério Público — autor da denúncia — reconheceu que ele não tinha intenção de matar. Para o advogado Alan Araújo, responsável pela defesa, o resultado do júri era esperado. “Meu cliente agiu em um momento de profunda emoção diante da morte do filho”, afirmou.
Araújo também destacou que acompanha o caso desde o início e ressaltou o empenho da defesa em apoiar a família. “Desde o começo, sempre trabalhei para ajudar a família, que é muito humilde, sem recursos. Trouxe minha equipe de advogados, professores universitários, colegas da Comissão do Júri e buscamos desempenhar o melhor papel possível para garantir justiça ao Dedilson”, disse.
Dedilson respondia por homicídio privilegiado, mas o Ministério Público, autor da denúncia, reconheceu que ele agiu dominado pela emoção logo após presenciar o atropelamento do filho. Segundo o órgão, não houve intenção de matar o motorista, que estaria embriagado no momento do acidente. Francilei chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, o que foi confirmado em audiência. Levada ao hospital, a vítima não resistiu aos ferimentos.
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Motorista tinha sinais de embriaguez, aponta investigação
Dedilson e o filho, Danilo Pignato, estavam vendendo balas no canteiro central quando foram atingidos por um carro em alta velocidade. O impacto arrastou a criança, que tinha apenas 8 anos, por alguns metros, causando sua morte instantânea ao prensá-lo contra uma árvore. Dedilson sofreu apenas ferimentos leves. Conforme a Polícia Militar e a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), o motorista apresentava sinais claros de embriaguez ao volante.

Na época, o pai da criança afirmou que sua intenção não era matar o motorista, mas mantê-lo no local até a chegada da polícia. Ao ser preso, em seu depoimento, ele relatou que o condutor tentava fugir sem prestar socorro e que a luta corporal começou quando tentou segurá-lo. Ele disse que chegou a desmaiar durante a briga e, ao retomar a consciência, viu a vítima tentando fugir. Nesse momento, pegou uma pedra e o atingiu.
Dedilson foi solto durante a audiência de custódia, e respondia em liberdade. A juíza responsável pela soltura do homem avaliou que, apesar da gravidade dos fatos, a prisão preventiva não era necessária naquele momento. Ela destacou que a gravidade do episódio não poderia ser dissociada da “fortíssima emoção” que o pai sentiu ao ver o filho morto e não uma premeditação. Ela ressaltou que o ato foi motivado por uma reação imediata diante da tragédia.
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