DIREITO À VIDA

Justiça suspende eutanásia de buldogue francês com leishmaniose no DF

Uma decisão judicial suspendeu a eutanásia de um buldogue francês de três anos que havia…

Justiça suspende eutanásia de buldogue francês com leishmaniose no DF
Justiça suspende eutanásia de buldogue francês com leishmaniose no DF (Foto: Reprodução/DFTV)

Uma decisão judicial suspendeu a eutanásia de um buldogue francês de três anos que havia sido entregue pelos tutores ao Centro de Zoonoses após diagnóstico de leishmaniose.

A ação foi proposta pela veterinária Márcia Maria Lodi Venturoli, que já cuidava de Boris, e pelo Projeto Adoção São Francisco.

Segundo o TJ (Tribunal de Justiça), para conceder a liminar, o juiz da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF fundamentou a decisão no direito à vida em todas as suas manifestações, presente na Constituição Federal.​

Uma das doenças mais negligenciadas do mundo, a leishmaniose é zoonose que depende de medidas preventivas para o controle. Transmitida pelo chamado mosquito-palha, afeta animais e humanos.

Para humanos, há tratamento. No caso dos cães, a doença deixou de ser sentença de morte há poucos anos, mas o tratamento não é barato e deve ser feito pela vida toda. Antes, a eutanásia era a única recomendação.

De acordo com o processo, o antigo tutor de Boris disse não ter recursos para o tratamento e, por isso, entregaria o cãozinho para eutanásia.

Ao saber da decisão, a veterinária decidiu arcar com os gastos. Mas precisou entrar na Justiça para resgatar o cachorro.

Em entrevista ao telejornal DF2, Márcia afirmou que Boris é jovem e está apto ao tratamento. Disse ainda que se sentiu na obrigação de fazer isso por ele.

Para retirar o animal da Zoonoses, ela contou com a advogada Ana Paula Vasconcelos. Segundo a especialista, a decisão judicial reconhece o direito à vida dos animais.

A leishmaniose tem nos cães a principal fonte de infecção. Ao conceder a liminar, o juiz determinou que a veterinária deve não apenas realizar as ações voltadas ao tratamento do animal mas também de prevenção contra a proliferação da moléstia.

Além do tratamento, Boris tomará regularmente a vacina contra a doença e usará coleira específica para afastar o mosquito.

Depois de tratado, a veterinária afirma que buscará adoção para Boris. Se uma família amorosa não aparecer, ela não descarta ficar com o animal.

Ainda cabe recurso da decisão judicial.

Sintomas da leishmaniose

Animais infectados podem apresentar sintomas como lesões na pele, perda de pelos em focinhos, orelhas e região dos olho, perda de peso e vômitos, mas há casos assintomáticos, o que dificulta o diagnóstico. Nos humanos, há sintomas como febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, anemia.

Coleira específica e vacina podem evitar a leishmaniose e são recomendadas, especialmente em áreas onde há maior risco de infecção. A prevenção inclui ainda abrigo limpo e telas finas para manter o mosquito afastado, principalmente ao entardecer.

Em humanos, a doença é grave, mas tem tratamento. No caso dos animais, o medicamento resulta no desaparecimento dos sinais clínicos, melhora os sintomas e diminui as chances de transmissão, mas o cachorro não ficará livre do protozoário. O acompanhamento médico deve ser permanente.