Protesto

Manifestação pelo fim da violência contra a mulher será realizada neste domingo em Goiânia

Mais de duas mil pessoas já confirmaram presença na página do evento “Repúdio ao estupro…

Mais de duas mil pessoas já confirmaram presença na página do evento “Repúdio ao estupro coletivo- Um basta a cultura do estupro” no facebook. O ato, que será neste domingo (29), a partir das 16 horas no Lago das Rosas, em Goiânia, foi organizado por cinco jovens pelas redes sociais e tem por objetivo reunir homens e mulheres em solidariedade à jovem de Santa Cruz e em repúdio à violência contra a mulher, ao machismo e à misoginia.

O chocante caso da jovem de 16 anos estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro trouxe à tona discussões importantes sobre a chamada Cultura do Estupro e a necessidade de se combater o sexismo em uma sociedade em que a vítima ainda é culpabilizada por atos de violência. O crime bárbaro foi cometido no último sábado (21) e as imagens do abuso foram registradas e divulgadas pelos próprio perpetradores.

Desde então, diversos coletivos feministas e grupos de defesa dos Direitos Humanos se manifestaram sobre a necessidade de se discutir o tema de forma mais abrangente na sociedade, assim como de punição adequada a quem comete esse crime hediondo. Atos foram organizados pelo país inteiro para chamar atenção à causa.

Em Goiânia, a estudante Sara Macêdo é uma das organizadoras do evento. Ela classifica o crime ocorrido no último sábado como o “ápice de uma cultura do machismo” e vê na manifestação uma oportunidade de levar o tema a ser discutido por uma parcela maior da sociedade.

“A Cultura do Estupro vem da falácia do machismo, onde a mulher não pode ter voz, ou seja, ela não tem direito a dizer não. Por isso essa violência contra nossos corpos”, diz ela. “Segundo essa cultura, somos meros objetos”, pontua. 

Lista preconceituosa

O caso recente da divulgação de uma lista com o “regulamento” de uma competição machista paralela à 10ª edição dos Jogos Internos da UFG (Inter UFG) também é um reflexo dessa cultura, avalia a estudante. Pelas regras, os homens participantes recebem pontuações com base nas mulheres com quem se envolvem e no tipo de relacionamento sexual que tenham mantido com elas.

A pontuação mais alta (+10) é destinada para aqueles que “ficam” com uma mulher casada, enquanto “mulher pretinha bonitinha” rende 2 pontos e à “mulher preta feia” é atribuído o valor de -1. Além disso, o participante que no decorrer da competição tenha “pegado” um “traveco” é automaticamente eliminado.

“Na manifestação, vários coletivos feministas de Goiás irão soltar notas de repúdio contra esse caso do Inter UFG, onde se misturou casos de misoginia, racismo e transfobia. Isso é muito grave, não pode ficar por isso mesmo”, declara.

Mas Sara não acredita que a punição, simplesmente, seja a solução para acabar com casos de violência física ou psicológica contra a mulher. “Não acreditamos em leis severas. Assim você só não irá violentar alguém por que é tipificado, e não porque é errado moralmente”, pontua. De acordo com ela, o sistema penitenciário há muito tempo não privilegia sua função social, deixando inócua qualquer tentativa de tornar os encarcerados cidadãos mais conscientes e aptos a viverem em sociedade. “Nossa alternativa: educação básica deve ter discussão de gênero”, declara.

Por isso, diz ela, a importância da propagação de manifestações como essa por todo o país neste momento. “Queremos que essa pauta não pare de ser discutida, pra não ser normatizada como algo do dia a dia, mas para que seja vista como algo monstruoso. O que queremos é educação pra transformar a sociedade.”