CRIME EM 2012

Morte do radialista Valério Luiz completa 10 anos; relembre o caso

A morte do radialista Valério Luiz completou 10 anos na terça-feira (10). O profissional foi…

Polícia faz buscas na casa de jurado que causou interrupção do júri do caso Valério Luiz
Polícia faz buscas na casa de jurado que causou interrupção do júri do caso Valério Luiz (Foto: reprodução)

A morte do radialista Valério Luiz completou 10 anos na terça-feira (10). O profissional foi assassinado em 2012, quando saía do local em que trabalhava no Setor Bueno, em Goiânia. Ao todo, cinco pessoas foram acusadas do crime. O julgamento do caso foi adiado por quatro vezes. A família do radialista ainda espera por justiça.

Segundo o Ministério Público, o assassinato ocorreu em razão de críticas feitas pelo profissional, que teriam desagradado o empresário Maurício Sampaio, à época ligado à direção do Atlético Goianiense.

Nas redes sociais, o advogado Valério Luiz Filho publicou uma foto na esquina onde o crime ocorreu. “Neste mesmo dia, neste mesmo lugar, há dez anos, eu via a cena do carro do meu pai crivado de balas, a cena que me obrigou a mover meio mundo por uma justiça que se recusa a chegar. De certa forma, ainda estou aqui, nesta esquina”, escreveu.

Relembre o crime cometido contra Valério Luiz

O assassinato foi cometido por volta das 14 horas do dia 5 de julho de 2012, na Rua T-38, no Setor Bueno, a poucos metros da emissora em que Valério Luiz trabalhava.

Os denunciados pelo Ministério Público são: Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, Djalma Gomes da Silva, Marcus Vinícius Pereira Xavier, Maurício Borges Sampaio e Urbano de Carvalho Malta.

Segundo o MP, o inquérito policial apurou que Ademá Figuerêdo Aguiar Filho, em “conluio, repartição de tarefas e contando com a participação dos demais denunciados, efetuou vários tiros em Valério Luiz de Oliveira, causando-lhe a morte imediata”.

Críticas feitas pelo radialista teriam motivado o crime

De acordo com o Ministério Público, foi apurado que as constantes e enfáticas críticas que Valério Luiz de Oliveira fazia à diretoria do Atlético Clube Goianiense, no exercício da profissão de jornalista e radialista esportivo, nos programas Jornal de Debates, da Rádio Jornal 820 AM, e Mais Esporte, da PUC-TV, teriam desagradado o empresário Maurício Sampaio, que era dirigente do clube de futebol.

Os comentários da vítima geraram acirrada animosidade e desentendimentos, segundo a denúncia apresentada.

Segundo a investigação, no dia 17 de junho de 2012, em meio aos comentários que a vítima fazia no programa Mais Esporte, ao falar a respeito de possível desligamento de Maurício Sampaio do Atlético, a diretoria do clube proibiu a entrada das equipes jornalísticas nas dependências do estádio.

Conforme narra a denúncia, Maurício Sampaio teria se ofendido e passou a almejar a morte da vítima. A denúncia aponta que o empresário fez o planejamento do crime em conjunto com Ademá Figuerêdo e Djalma da Silva, que contou com o auxílio de Urbano Malta.

Este último mantinha vínculo de amizade, profissional e de trabalho com Sampaio, e, inclusive morava sem pagar aluguel em uma casa do empresário, localizada em frente ao local onde ocorreu o homicídio.

O crime

Segundo os autos, Djalma da Silva convidou Marcus Vinícius Pereira Xavier, que emprestou a moto, o capacete e a camiseta para Ademá Figuerêdo, além de guardar no açougue de sua propriedade a arma e o celular que seriam utilizados no homicídio. Os chips dos telefones utilizados na comunicação do grupo foram habilitados em nomes de terceiros.

Conforme as apurações, no dia do crime, Ademá Figuerêdo foi até o açougue de Marcus Xavier, pegou os itens guardados e se dirigiu até as imediações da emissora de rádio onde a Valério trabalhava.

No local, comunicou-se com Urbano Malta, que estava na espreita, aguardando o momento em que o radialista sairia. A vítima foi morta quando já estava dentro do veículo, ao final de uma jornada de trabalho.

Julgamento adiado por quatro vezes

julgamento do assassinato do radialista Valério Luiz foi adiado por quatro vezes. O último adiamento ocorreu em junho de 2022. Desta vez, a justificativa foi quebra de isolamento por parte de um dos jurados, que afirmou ter passado mal. Uma nova sessão do júri foi marcada para acontecer em novembro deste ano.

Só em 2022 foram três adiamentos, contando este último. Em 14 de março, um dos acusados da morte do radialista, Maurício Sampaio, trocou o advogado em cima da hora. Ney Moura Teles deixou o caso por divergências com o cliente e foi substituído no fim do mês por Luiz Carlos Silva Neto.

O julgamento, então, foi remarcado para 2 de maio. À época, os advogados de Sampaio abandonaram o júri alegando parcialidade do juiz, sendo, inclusive, multados. Com isso, o júri precisou ser remarcado para 13 de junho. Os trabalhos foram abertos e duraram um dia até a quebra de isolamento por parte de um dos jurados.

Vale citar, a data inicial do julgamento era 23 de junho de 2020. O adiamento para março deste se deu em razão da pandemia da Covid-19.

Em abril de 2019, antes de ter data marcada, o primeiro juiz do caso, Jesseir Coelho de Alcântara, despachou no sentido de apontar a impossibilidade de agendar o julgamento por falta de estrutura na comarca. Pela grande repercussão do caso, ele alegou uma série de problemas, entre elas a falta de estrutura.