Por que o Brasil ainda importa petróleo se é autossuficiente? Entenda

Você já deve estar cansado de ouvir que o Brasil é autossuficiente em petróleo. Mas com o sexto anúncio de aumento da gasolina no ano, acumulando alta de 53%, não há como não questionar porque o produto ainda sofre tantas oscilações no preço por fatores externos.

Antes de tudo, o economista Aurélio Troncoso esclarece que as principais motivações para o aumento da gasolina são a alta do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional. A verdade é que o país é autossuficientes apenas nominalmente.

Isso quer dizer que produzimos mais volume do que consumimos. Para termos uma noção, segundo Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, em fevereiro deste ano, as exportações de petróleo somaram US$ 16,183 bilhões enquanto as importações de petróleo US$ 15,030 bilhões. Isso representa um superávit de US$ 1,152 bilhão.

No entanto, o parque de refino nacional ainda não consegue refinar o suficiente para atender a demanda interna. “Nós ainda temos que comprar petróleo pois não somos autossuficientes em petróleo leve, somos autossuficientes em petróleo pesado, que é muito mais difícil de ser refinado. Então, a saída é comprar petróleo lá fora”, destaca o economista.

Falta tecnologia

A explicação para a impossibilidade de lidar o refinamento de petróleo pesado ocorre porque a maioria das refinarias brasileiras foram construídas na época da ditadura, nos anos 1970. Elas foram projetadas para processar um óleo mais leve e não o mais pesado.

Assim, a importação do barril de petróleo se torna necessário por falta de tecnologia. Uma estratégia usada para que as refinarias consigam refinar o produto é fazendo uma mistura do petróleo brasileiro com petróleo mais leve, como o nigeriano ou árabe.

Dessa forma, valor do barril no exterior e preço do dólar impactaram diretamente no preço da gasolina comercializada no Brasil. “Quando você tem o dólar subindo e o barril do petróleo também mais caro, com certeza o valor do combustível vai ficar mais caro para nós”, conclui Aurélio.