Vissotto só assinava contratos da Goinfra com aval da PGE, diz advogado
Ex-presidente da pasta e ex-diretor prestaram depoimentos nesta quinta-feira (30)

Marcelo Di Rezende, advogado de Lucas Vissotto, ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), afirma que seu cliente jamais assinou um contrato sem o aval do setorial da Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Ele também advoga para o ex-diretor da Goinfra, Thiago Carim Bucker.
Ambos estão detidos em prisão temporária no âmbito da Operação Obra Simulada, da Polícia Civil, deflagrada na terça-feira (28). A ação investiga o suposto desvio de R$ 10 milhões em um contrato de manutenção de 26 prédios públicos do Estado.
Marcelo afirma, ainda, que seus clientes já deram depoimentos à polícia nesta quinta-feira (30), mas não que não havia necessidade de prisão. “Desde o início das investigações, há quase um ano, eles estavam disponíveis para qualquer tipo de esclarecimentos, com advogados constituídos.” Para ele, o que os agentes conseguiram na busca e apreensão não vai contribuir negativamente contra os investigados. “O que fez diferença foram os esclarecimentos, que não necessitavam de prisão.”
Sobre as alegações, ele diz serem infundadas. “Desde o começo, foi feita uma confusão em relação ao escopo do contrato, que abrangia construções”, afirma. Ele pontua, ainda, que ocorriam as medições e em dez dias os pagamentos eram feitos, independente do tamanho da obra ou quanto era feito.
Essa parte operacional, inclusive, era de conhecimento de Thiago, que prestou esclarecimentos nesta manhã sobre o tema. Lucas Vissotto, por sua vez, frisou, durante a tarde, que “todo e qualquer contrato tinha aval da procuradoria. Ele não assinou nada sem esse aval, estava respaldado. Também não tinha nenhuma ligação com empreiteiro”, afirmou Marcelo.
A prisão temporária vence no sábado (1º) e o delegado pode pedir a prorrogação. O advogado afirma que o primeiro habeas corpus teve liminar negada, mas que, caso o prazo seja dilatado, fará um pedido de reapreciação.
Operação
A operação investiga o suposto desvio de R$ 10 milhões em um contrato de manutenção de 26 prédios públicos do Estado. Pelo que já foi apurado, vários crimes teriam sido praticados na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e a empresa privada sediada no Distrito Federal, nos anos de 2023 e 2024, com o valor final contratado de quase R$ 28 milhões.
Estima-se que os prejuízos iniciais ao erário, causados por supostos pagamentos indevidos, tenham sido de mais de R$ 10 milhões, estando excluído deste valor o dispêndio que o Estado ainda terá para reconstruir as estruturas que foram demolidas, mas não reerguidas pela empresa contratada.
Governo de Goiás
Em nota, o Governo de Goiás disse que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pela própria gestão, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.
“A gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer eventual desvio de conduta no trato do dinheiro público. O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor”, diz o texto.
Confira o nome dos 15 alvos da Operação Obra Simulada:
- José Francisco Alves Pereira
- Marcus Emmanoel Chaves Vieira
- Luiz Romildo de Mello
- Francisco Roni da Rosa
- Cíntia Marta Ataídes Vieira
- Rosana Crisóstomo Ribeiro
- Weslley Crisóstomo Nogueira da Silva
- Marcus Emmanoel Chaves Vieira Júnior
- Francisco Roni da Rosa Júnior
COM LIGAÇÃO COM GOINFRA:
- Lucas Alberto Vissoto Júniro
- Adriano Mendes Ribeiro
- Thiago Carim Bucker
- Gabriel Tertuliano
- Vitor Angrisani Berquó Ramalhão
- Thayana Torres Avelar Nasser da Veiga
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