Série “Tremembé” reacende debate sobre a possível romantização de criminosos

A estreia da série Tremembé reacendeu um debate que vai além da ficção. Inspirada em histórias reais de detentos do presídio conhecido como “dos famosos”, a produção tem dividido opiniões ao narrar a rotina de nomes que ficaram conhecidos por crimes que chocaram o país. A abordagem levantou novamente discussões sobre transformar criminosos em protagonistas e até sobre a possibilidade de romantizar essas trajetórias.

A trama retrata figuras como Suzane Von Richthofen e Elize Matsunaga. Desde o lançamento, Tremembé vem gerando grande repercussão nas redes sociais, especialmente depois que Suzane, interpretada por Marina Ruy Barbosa, agradeceu publicamente o aumento no número de seguidores após a estreia.

A polêmica traz à tona uma pergunta importante: produções desse tipo podem mudar a forma como o público enxerga criminosos condenados?

De acordo com o psiquiatra Brunno Moleta, existe um impacto emocional e psicológico que não pode ser ignorado. “Quando a ficção apresenta essas figuras de maneira humanizada demais, parte do público pode desenvolver empatia onde deveria haver reflexão crítica. Isso pode distorcer a percepção sobre a gravidade dos crimes e até aproximar essas pessoas de um status de celebridade”, explica.

Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabela Nardoni, menina de cinco anos morta pelo pai e pela madrasta, também retratados na série, afirmou que não pretende assistir Tremembé.
Em declaração recente, ela disse: “Minha preocupação é ver criminosos voltando aos holofotes, como se fossem figuras a serem acompanhadas. Isso fere famílias que sofreram e ainda sofrem com essas histórias.”

Apesar das críticas, os criadores da série defendem que o objetivo não é exaltar personagens condenados. Um dos roteiristas, Ullisses Campbell, afirmou que Tremembé busca provocar debate sobre o sistema penal brasileiro, mostrando o que acontece com os detentos após o ingresso na penitenciária.
Segundo ele, a produção lança um olhar crítico sobre a execução das penas e sobre as falhas do sistema, que muitas vezes permite benefícios e liberações antes do cumprimento integral da condenação.

Disponível no Prime Video, Tremembé segue entre os assuntos mais comentados do momento e levanta uma discussão: quando o crime vira entretenimento, qual é o limite entre informar, criticar e transformar criminosos em personagens de destaque?