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Crítica: Anônimo (2021)

“John Wick” mudou o cinema de ação atual e é o que tem de parâmetro…

(Foto: Divulgação)

“John Wick” mudou o cinema de ação atual e é o que tem de parâmetro para as recentes produções do gênero. A maneira brusca, e crua, das cenas de luta e tiroteio, mesclado com o uso mínimo de cortes (a câmera é um expectador em muitos momentos – e funciona), mas sem perder o ritmo e a criatividade do exagero e impacto, tornaram a franquia com Keanu Reeves um renascimento não somente para a carreira do ator, como também foi um renovo para o próprio gênero.

“Anônimo” (ou “Nobody” no original), é uma dessas crias de “John Wick”, mas diferente de centenas de outros longas que apenas tentam replicar sem sucesso o que foi feito nos filmes com Reeves, aqui temos não somente ritmo e criatividade nas cenas de ação, mas intensidade, fúria e uma câmera que capta a alma do momento – algo essencial para uma cena de ação ser memorável e ter impacto. É como uma dança. Uma dança entre atores e quem está filmando. “Anônimo” é aquele genérico que funciona maravilhosamente bem e nunca esquecemos de seu resultado.

A história de “Anônimo” não é das mais originais – e nem vou fazer questão de contá-la -, mas saiba que o diretor Ilya Naishuller surpreende pela maneira com que trabalha estes clichês e consegue gerar identificação com o nosso protagonista, interpretado magistralmente por Bob Odenkirk (“Better Call Saul”). Quem diria que Odenkirk daria um excelente ator de ação, convincente em sua entrega e em cada sequência de luta. A história faz questão de construir com suspense e sem entregar tanto o passado do personagem, que era um indomável assassino mas que está aposentado, e todos quando ouvem o seu nome tremem (algo que acontece no próprio “John Wick”). Mas diferente da outra franquia, onde Keanu Reeves já começa como um sujeito misterioso e com visual imprevisível, aqui Odenkirk é um pai de família frustrado com a vida rotineira de trabalho, casa e cama. Uma pessoa aparentemente insignificante e sem grande futuro.

E vale a pena ressaltar: as cenas de ação são incríveis e magistralmente coreografadas. A trilha sonora do filme é repleta de músicas ótimas, a história é objetiva e não enrola (são apenas 1 hora e 30 minutos de duração), e os atores não poderiam estar melhores. Além de Odenkirk, Christopher Lloyd, nosso eternos Doutor Brown de “De Volta Para o Futuro”, enfim, ganha um personagem memorável e divertidíssimo nestes últimos anos. Ele interpreta o pai de Odenkirk, e sua participação é um deleite. Até mesmo Aleksey Serebryakov como o vilão russo (claro!) convence como um sujeito desprezível e violento.

“Anônimo” é um filme excelente do gênero. Entrega o que promete, mas entrega além do básico e do genérico. É o melhor filme de ação deste ano de 2021, porém, infelizmente, tem sido pouco visto já que não foi lançado nos cinemas brasileiros e só agora foi disponibilizado para aluguel online – mas sem muito alarde. Não perca esta oportunidade e corre atrás, pois se curte ação aqui temos um filmaço inesquecível do gênero.

Nobody/EUA – 2021

Dirigido por: Ilya Naishuller 

Com: Bob Odenkirk, Connie Nilsen, Christopher Lloyd, Aleksey Serebryakov, RZA…

Sinopse:Em Anônimo, Hutch Mansell (Bob Odenkirk) é um pacato pai e marido que sempre arca com as injustiças da vida, sem revidar. Quando dois ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo e sua família na esperança de evitar qualquer violência, desapontando seus familiares com sua passividade. As consequências do incidente acabam despertando uma raiva latente em Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que irá trazer à tona segredos sombrios e habilidades letais.

Nobody | Universal Pictures