Crítica: Thor – Amor e Trovão (2022) – Disney+

Revendo ‘Thor: Amor e Trovão” em casa, agora já disponível no Disney+, é justo dizer: sim, o filme é ruim! Muito ruim! Ainda que diferente de “Eternos” ou “Morbius”, este quarto longa do Deus do Trovão é uma sequência ininterrupta de gags nada engraçadas, e um desperdício de história e personagens que rendenriam um projeto épico, emocionante e cheio de impacto.

Que fique claro: gosto muito de “Thor: Ragnarok”. O visual, a direção de arte e as cenas de ação – além do excelente humor ‘vergonha alheia’ do diretor Taika Waititi – compõem um pacote delicioso e memorável que funcionaram no longa. Mas, sim, o filme derrapa quando precisa lidar com alguma situação mais trágica mas escolhe desenvolvê-la com ares cômicos. Particularmente, não atrapalha precisamente o resultado final, mas incomoda. Já aqui, este problema é excedido drasticamente.

Em “Thor: Amor e Trovão”, Waititi exagera no humor e o utiliza erroneamente em diversas situações. Não se engane: o filme é uma comédia de ação espacial, mas até nas melhores comédias existe aquele momento dramático que serve para tornar os personagens mais identificáveis para o público. Estes momentos são presentes aqui, mas a emoção frequentemente é sobrepujada pela comédia e piadas fora de hora, e tom, como nas situações envolvendo a personagem Jane Foster (retorno de Natalie Portman), ou quando o próprio Thor está se entendendo como pessoa após anos de perdas e sofrimento. Aliás, o Thor meio bobão de “Ragnarok” não tirava a imponência dele como herói e guerreiro em batalha, já o Thor de “Amor e Trovão” vira um meme de si próprio e se torna um desengonçado que não tem noção de seus atos durante as lutas (e olha que ele é um deus bem antigo…).

O equilíbrio que existe em “Thor: Ragnarok” já pende para um lado não tão favorável neste novo filme. E o que dizer dos demais deuses que são diminuídos a coadjuvantes cômicos, e o roteiro, mais uma vez, perde a oportunidade da crítica ao esnobismo e soberba dos mesmos. Até gosto de Russell Crowe como Zeus, mas o personagem se saí muito melhor nas cenas deletadas, onde possui certa seriedade e imponência, do que no cretino caricato e exagerado do corte final.

Além de tudo, “Thor: Amor e Trovão” deixa aquela sensação de ter tanta coisa para mostrar, mas que ao fim, tudo soa apressado e mal aproveitado. O vilão de Christian Bale pouco impõe ou surpreende, o drama de Jane Foster é trabalhado nas coxas e pouco aprofundado, os demais deuses que aparecem em nada acrescentam e as situações são apressadas demais e não carregam o peso emocional que deveriam. Infelizmente, Taika Waititi conseguiu deixar um gosto tão amargo na boca, que seu estilo ‘tiozão descolocado’ já está cansando, e sua soberba prejudica bastante o resultado aqui. Seu personagem Korg, diga-se, deu certo em “Ragnarok” por seu um alívio cômico bem coadjuvante, mas aqui, ele se intromete em momentos chaves e ganha um protagonismo exagerado, desnecessário e prejudicial. Enfim, uma decepção completa! Um dos piores filmes da Marvel Studios!

Thor: Love and Thunder/2022 – EUA

Dirigido por: Taika Waititi

Com: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tessa Thompson, Taika Waititi, Christian Bale, Russell Crowe…

Sinopse: Thor: Amor e Trovão é quarta aventura solo de Thor (Chris Hemsworth), personagem da Marvel, sendo a sequência direta de Thor: Ragnarok e o 29º filme do Universo Cinematográfico Marvel. Após os acontecimentos de Ultimato, Thor ansiando por um propósito, retorna a Nova Asgard e sua aposentadoria é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro de Deus, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Rainha Valquíria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e Jane Foster (Natalie Portman), sua ex-namorada, que – para surpresa de Thor – inexplicavelmente consegue empunhar seu martelo mágico, Mjolnir, o que imbuiu Jane com o poder de Thor. Juntos, eles embarcam em uma aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do God Butcher e detê-lo antes que seja tarde demais.