Série A

Torcida do Botafogo escala Tiquinho no grito e escancara fúria com Lage

O artilheiro entrou no intervalo e fez o gol do empate, evitando um tropeço ainda maior do time alvinegro

Bruno Lage gritando na beira do gramado
Bruno Lage gritando na beira do gramado no jogo entre Botafogo e Goiás. Foto: Vitor Silva - Botafogo

Vaias, ofensas e uma clara rota de colisão. A torcida do Botafogo perdeu a paciência, elegeu Bruno Lage como vilão do empate com o Goiás e ampliou as rusgas em meio aos resultados negativos.

O que era ânimo antes de a bola rolar se transformou em desconfiança.

A escalação com Tiquinho no banco e o empate com o Goiás, que iniciou a rodada na zona de rebaixamento, aumentaram as dúvidas sobre o trabalho do treinador.

Tão logo o Goiás abriu o marcador, o nome do camisa 9 ecoou pelo Nilton Santos. O artilheiro entrou no intervalo e fez o gol do empate, evitando um tropeço ainda maior do time alvinegro.

Na comemoração, “chamou” a torcida, que passou a incentivar e questionar ainda mais os motivos de o atacante não ter sido titular.

“O Lage chegou com a temporada em andamento, mas o time estava montado. Eu queria entender qual foi a estratégia de hoje. Faz sentido Tiquinho no banco?”, indagou o botafoguense Carlos Figueira.

Ao deixar o gramado, Lage ouviu vaias, gritos de “burro” e até xingamentos. A resposta com aplausos em direção à arquibancada também não pegou bem. Após o duelo, explicou que as palmas foram para agradecer o apoio

“Torcida pode vaiar quem entender, estou a agradecer o fato [de terem apoiado]. Não tenho dupla cara, não sou hipócrita, foi meu agradecimento por terem apoiado. Depois, como queiram tratar, é indiferente, preferia que fosse em outra situação, mas, para isso, temos de conseguir resultados. Vida de treinador é muita essa”, disse Lage.

Ao fim do jogo, o clima era de desânimo e irritação nos arredores do estádio. Um alvinegro, ao passar em frente à saída da imprensa, chegou a abaixar o vidro do carro para perguntar se Lage ainda permanecia como técnico.

Dentro do Niltão, não era muito diferente, e a demora para Lage ir para a coletiva até gerou especulações, mas logo desfeitas. Durante a espera, membros da diretoria foram abordados no local próximo à saída dos vestiários, mas negaram qualquer mudança.

Por outro lado, jogador algum passou pela zona mista, mais um sintoma da crise de nervos pela qual passa o líder do Brasileiro.

Com o resultado, o Botafogo desperdiçou a chance de abrir nove pontos de vantagem para o Red Bull Bragantino, segundo colocado. A equipe não vence há quatro jogos na competição —anteriormente, perdeu para Flamengo, Atlético-MG e Corinthians.

FESTA, CHUVA E CORNETA

A torcida do Botafogo, novamente, compareceu em massa. O mosaico, desta vez, teve o escudo do Alvinegro e o desenho de diversos torcedores.

Faixas que formaram a frase “ninguém quer mais que a gente” também chamaram a atenção.

Do lado de fora, a faixa com os dizeres “segue o líder” continuava fazendo sucesso. “Não tem essa de oscilação com a gente, não. Estamos acreditando sempre e vamos juntos”, disse João Luiz, que é comerciante nos arredores do Nilton Santos desde a inauguração do estádio.

Nem mesmo a forte chuva que caiu no Rio de Janeiro atrapalhou os planos dos alvinegros: “Não tem água que apague esse fogo (risos). Quero ver o posicionamento dele [Lage] hoje, depois do que fizemos aqui no sábado [no treino aberto]”, disse Theo Nascimento, de 41 anos.

Antes mesmo da partida, apesar da crença no bom resultado, Lage já estava sendo “cornetado”. Ele, por exemplo, vem escalando Tchê Tchê aberto pelo lado direito.

“Acho que o Tchê Tchê tem de jogar. Ele, para mim, era o cara ali [no meio]. O Botafogo tinha de ir mudando aos poucos, conforme algo não desse certo, mas estamos acreditando. Torcida veio em peso por isso”, apontou Roberto Macedo, que estava acompanhado do filho Thiago e do neto Heitor.

E O TIQUINHO?

Quando saiu a escalação com Tiquinho no banco, cogitou-se que a escolha poderia ter relação com a parte física. Ele sofreu uma lesão no ligamento colateral do joelho esquerdo recentemente, e voltou antes do previsto.

Na saída de campo, porém, o atacante afirmou estar “bem fisicamente”, deixando claro que ficoi fora do time titular por decisão do português.

“Estou bem fisicamente, todo mundo sabe que tive lesão no joelho há pouco tempo, complicada. mas estou aqui, disposto a ajudar o Botafogo e meus companheiros”, disse, ao Premiere.

O camisa 9 aproveitou para fazer um apelo à torcida: “Queríamos ganhar, o torcedor queria ganhar, mas esse ponto vai nos ajudar. É sempre importante. Acho que eles têm nos apoiado e pedir, mais uma vez, para nos ajudarem. O Brasileiro é muito difícil, com o apoio deles ficamos mais fortes”.