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Empresa de Elon Musk recebe aval para testar chip no cérebro de humanos

Neuralink obteve autorização da agência americana FDA para testar seu dispositivo cerebral que conectará ser humano ao computador, ajudando pessoas com paralisia ou lesões a se comunicarem

Empresa de Elon Musk recebe aval para testar chip no cérebro de humanos Neuralink obteve autorização da agência americana FDA

A Neuralink, empresa de implantes cerebrais do bilionário Elon Musk, disse que recebeu aprovação da agência americana Food and Drug Administration (FDA) para conduzir testes clínicos em humanos. O dispositivo da empresa visa a ajudar pessoas com paralisia ou lesões cerebrais traumáticas a se comunicar e controlar um computador usando apenas seus pensamentos.

Eventualmente, além de ajudar pessoas doentes, Musk levantou a hipótese de que o dispositivo poderia permitir que a humanidade acompanhasse os avanços da inteligência artificial.

“Este é o resultado de um trabalho incrível da equipe Neuralink em estreita colaboração com a FDA e representa um primeiro passo importante que um dia permitirá que nossa tecnologia ajude muitas pessoas”, ´tuitou a empresa.

A startup de Musk está desenvolvendo um pequeno dispositivo do tamanho de uma moeda que conectará o cérebro a um computador, consistindo de fios entrelaçados com eletrodos. A colocação do dispositivo requer perfuração no crânio.

Procuradas pela Bloomberg, FDA e Neuralink não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

A aprovação “é realmente um grande negócio”, disse Cristin Welle, ex-funcionário da FDA e professor associado de neurocirurgia e fisiologia da Universidade do Colorado.

— Eles podem iniciar testes em humanos, o que significa que passaram no teste pré-clínico de segurança e no teste de bancada — disse ela, referindo-se a testes de falhas mecânicas e de design, bem como durabilidade e biocompatibilidade.

Fundada em 2016, a Neuralink atraiu alguns dos principais neurocientistas para trabalhar em seu implante cerebral, embora muitos tenham se mudado para outras empresas ou universidades. Musk, que também dirige a montadora de carros elétricos Tesla e é dono da rede social Twitter, disse durante anos que a empresa estava perto da aprovação da FDA para testes em humanos.

A Neuralink não é a primeira empresa de interface cérebro-computador a entrar em testes em humanos. O campo tornou-se competitivo desde a fundação da empresa.

Por exemplo, a Synchron já inscreveu seu primeiro paciente nos Estados Unidos em um ensaio clínico, colocando o implante da empresa no caminho de uma possível aprovação regulatória para uso mais amplo em pessoas com paralisia. O dispositivo da Synchron é menos invasivo que o da Neuralink e funciona com uma tecnologia diferente.

A startup de Musk acendeu o alerta de alguns grupos de direitos dos animais por seus testes em primatas. O Departamento de Transporte dos EUA iniciou uma investigação sobre a empresa depois que um grupo de defesa dos animais disse ter obtido e-mails sugerindo que a startup não seguiu o procedimento adequado ao enviar materiais possivelmente perigosos.

Comercialização ainda vai demorar

Apesar da aprovação do estudo pela FDA, os implantes cerebrais generalizados ainda não são iminentes. O dispositivo da Neuralink ainda deve levar pelo menos de cinco a dez anos para ser comercializado, disse Welle.

A criação de um estudo e o recrutamento de pacientes levará vários meses. A Synchron levou quase um ano entre anunciar que recebeu a aprovação da FDA para seu primeiro paciente nos EUA e realmente implantar o dispositivo em julho de 2022. Normalmente, os primeiros testes em humanos registram de cinco a 10 pacientes e levam cerca de seis meses, disse Cristin Welle.

O primeiro estudo em humanos permite que a empresa adapte o design do dispositivo dependendo dos resultados, sem ter que iniciar todo o processo de solicitação do FDA novamente.

— Isso lhe dá flexibilidade — acrescentou a ex-funcionária da FDA.

Se o estudo for bem, a Neuralink pode iniciar o que é conhecido como estudo de viabilidade e, finalmente, um estudo fundamental, que é aproximadamente análogo a um estudo de fase III para um medicamento.

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