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Homens são condenados após tentarem usar bruxaria para matar presidente da Zâmbia

Camaleão vivo, amuletos, pano vermelho, pó branco e rabo de animal... entenda o caso

Homens são condenados após tentarem usar bruxaria para matar presidente da Zâmbia Camaleão vivo, pano vermelho, pó branco e rabo de animal
Foto: Instagram

Dois homens foram condenados após tentarem usar bruxaria para matar o presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema. O caso, considerado inédito no país africano, chamou atenção não apenas pela bizarrice dos detalhes, mas também pelo debate sobre a criminalização de práticas espirituais tradicionais herdadas da cultura local.

Os acusados são Leonard Phiri, chefe de uma aldeia, e Jasten Mabulesse Candunde, cidadão moçambicano. Eles foram presos em dezembro depois que uma faxineira relatou ouvir barulhos estranhos em um local suspeito. Ao chegar, as autoridades encontraram um camaleão vivo e diversos objetos descritos como “amuletos”, incluindo um pano vermelho, pó branco de origem não identificada e a cauda de um animal. Segundo o juiz responsável, o objetivo era realizar um ritual para provocar a morte do chefe de Estado.

Phiri e Candunde foram condenados a dois anos de prisão com trabalhos forçados.

Envolvimento político

De acordo com a promotoria, os dois foram contratados pelo irmão do deputado da oposição Emmanuel “Jay Jay” Banda, que responde a processos por roubo, tentativa de homicídio e fuga da custódia. A acusação reforça que havia motivação política por trás do ritual de bruxaria, já que o parlamentar é um dos principais críticos do atual presidente.

A decisão judicial foi baseada em uma lei da era colonial britânica que ainda criminaliza a prática de feitiçaria no país. Especialistas afirmam que esse tipo de legislação é controverso, pois mistura aspectos culturais e espirituais com a repressão do Estado.

Tradição e controvérsia

Em entrevista recente, Hichilema tentou se distanciar dessas crenças. “Pessoalmente, nunca acreditei em feitiçaria, como pessoa, como família, como cristão”, disse o presidente.

Mesmo assim, muitos zambianos defendem que crenças espirituais tradicionais não deveriam ser tratadas como crime. Para o professor Gankhanani Moyo, da Universidade da Zâmbia, a legislação que criminaliza a bruxaria é “herança colonial que não entende o valor cultural das práticas locais”.