Internautas relembram foto que Trump postou vestido de papa na semana passada
Foto de Trump vestido de papa gerou protestos de seguidores das redes sociais, que acusaram-no de desrespeito
A eleição do cardeal Robert Prevost para ser o 246º papa da história representa um marco para Igreja Católica, que pela primeira vez será liderada por uma pessoa nascida nos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, está envolvido nessa história de um jeito curioso: uma semana antes do conclave, ele postou uma fotomontagem em que aparece vestido de papa.
Essa foto voltou a circular de forma massiva nesta quinta-feira (7), depois da assunção de Prevost – que agora se chamará papa Leão XIV. Nela, Trump aparece sentado no trono e com o dedo em riste. Segundo a ferramenta Hive Portal, a probabilidade de ser um material gerado por inteligência artificial é de 99,9%. A imagem foi publicada nas redes sociais da Casa Branca no dia 2 de maio e repostada pelo presidente em sua própria rede social, a Truth.
Nos comentários, seguidores reprovaram o post. “Inapropriado, insensível e desrespeitoso”, afirmou um usuário do Instagram. “Esta imagem não é engraçada. Não é sátira. E não é inofensiva. Donald Trump vestido como papa é uma construção visual intencional, feita para projetar divindade, autoridade moral e poder absoluto”, escreveu outra seguidora.
“É a estética de um homem que não quer liderar uma democracia. Ele quer ser adorado. Isso não é fantasia, é propaganda. Não é fé, é arrogância em vestes religiosas.”
“Esta é uma conta oficial de mídia social administrada pelo governo. Como representação dos Estados Unidos, ela não deveria zombar de nenhuma religião — muito menos daquela que eles afirmam ter trazido de volta à Casa Branca. Isso é bastante irônico, considerando que o governo Trump não demonstrou nenhum valor ou ação cristã nos últimos 100 dias. Jesus não está na Casa Branca. Judas Iscariotes está. Que vergonha inacreditável”, afirmou uma seguidora.
Trump celebrou escolha de papa
A notícia de que o sucessor do papa Francisco é o norte-americano Robert Prevost, que tem 69 anos e nasceu em Chicago, alegrou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em sua própria rede social, Trump disse que a eleição de Prevost honra o país.
“Parabéns ao cardeal Robert Francis Prevost, que acaba de ser nomeado papa. É uma grande honra saber que ele é o primeiro papa americano. Que emoção e que grande honra para o nosso país”, escreveu o presidente em sua rede social, a Truth. “Não vejo a hora de conhecer o papa Leão XIV. Será um momento significativo”, acrescentou.
Em uma entrevista concedida antes do conclave, o presidente dos EUA foi questionado a respeito de suas preferências, entre os cardeais elegíveis, para escolha do novo papa. Ele respondeu, em tom de brincadeira, que gostaria que ele mesmo fosse o novo papa – e que essa seria a escolha “número um”. Em seguida, disse que não tinha preferências, para mencionou o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan.
“Devo dizer que temos um cardeal que, por acaso, é de um lugar chamado Nova York, que é muito bom, então vamos ver o que acontece”, disse Trump. Fato é que nem Dolan, nem Prevost apareciam na relação de favoritos que circulava na internet. O norte-americano mais bem cotado era Joseph Tobin, arcebispo de Newark, Nova Jersey.
Papa se chamará Leão XIV
O cardeal Robert Prevost, eleito novo papa da igreja Católica, nasceu em Chicago e dupla cidadania: norte-americana e peruana. Aos 69 anos, ele tem um perfil centrista e pragmático. Especialistas apostam que Prevost é dotado de capacidade de mediar as diferentes correntes da igreja e que pode dar continuidade ao estilo do papa Francisco, pautado no diálogo.
Prevost já escolheu o seu nome de papa: será Leão 14. O último Leão da história, papa Leão XIII, foi um intelectual que entrou na memória foi ter escrito uma encíclica sobre dignidade no trabalho, a Rerum Novarum. Tem a curiosidade também de ser sido o primeiro papa a ser filmado, em 1896. Nas cenas ele aparece dando bençãos à câmera, aos 86 anos.
Leão XIII trouxe a normalidade de volta à Igreja após os tumultuosos anos de Pio IX. As habilidades intelectuais e diplomáticas dele ajudaram a recuperar grande parte do prestígio perdido com a queda dos Estados papais. Ele tentou reconciliar a Igreja com a classe trabalhadora, particularmente lidando com as mudanças sociais que estavam varrendo a Europa. A nova ordem econômica resultou no crescimento de uma classe trabalhadora empobrecida, que tinha uma crescente simpatia anticlerical e socialista. Leão ajudou a reverter essa tendência.
Novo papa
O novo papa foi escolhido nesta quinta-feira (8), no segundo dia de conclave, na na quarta votação. Há pouco, a fumaça branca subiu da chaminé da Capela Sistina, representando que alguém teve mais de dois terços dos votos dos cardeias que participaram da solenidade. Este é o sinal tradicional para confirmar a eleição do sucessor de Francisco, que faleceu em 21 de abril.
Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, ele é conhecido como o “pastor de duas pátrias”. Isto devido à sua atuação missionária no Peru durante os anos 1980. Hoje, ele ocupa o cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos.
Recentemente, ele disse em entrevista ao site do Vaticano, acerca de sua visão sobre o papel dos bispos, que “o bispo é chamado autenticamente para ser humilde, para estar perto das pessoas que ele serve, para caminhar com elas, para sofrer com elas e procurar formas de que ele possa viver melhor a mensagem do Evangelho no meio de sua gente”.