'NÃO SOU LADRÃO'

Em Copacabana, Bolsonaro discursa contra corrrupção e foca em Lula

Com discurso em tom eleitoral na tarde desta quarta (7) na praia de Copacabana, no…

Após atos de 7 de setembro, PDT pede inelegibilidade de Bolsonaro
Após atos de 7 de setembro, PDT pede inelegibilidade de Bolsonaro (Foto: Reprodução)

Com discurso em tom eleitoral na tarde desta quarta (7) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) acusou adversários de jogar fora das quatro linhas da Constituição e gerou vaias ao dizer que “todos sabem como funciona o STF” (Supremo Tribunal Federal).

Diante de milhares de apoiadores, Bolsonaro exaltou o risco da volta do ex-presidente Lula (PT) ao poder e gritou: “Não sou muito bem educado, falo palavrões, mas não sou ladrão”, afirmando que a esquerda deveria ser extirpada da vida pública.

“Compare o Brasil com a Argentina, a Venezuela e a Nicarágua. Eles são amigos do quadrilheiro que disputa a eleição. Esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública, teremos um governo muito melhor com a nossa eleição, com a graça de Deus”, continuou.

Em seguida, distorceu os fatos ao falar que seu governo está há três anos e meio sem corrupção, deixando de lado alguns escândalos como suspeitas na compra de vacinas, em obras da Codevasf (estatal federal) e no MEC, que levaram à queda do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.

No discurso de mais de dez minutos, Bolsonaro também ironizou o recente movimento das cartas pela democracia. “Nosso governo respeita a Carta que é a Constituição. O outro lado que assina cartinha não respeita”, declarou.

O presidente ainda disse que o Brasil é referência para o mundo todo e fez propaganda de números da economia brasileira, mas reconheceu o impacto da inflação neste ano.

“O Brasil, hoje, seus números da economia invejam o mundo todo. Teremos inflação esse ano sim, mas muito menor do que a Europa”, disse.

Voltou a adotar um tom religioso, assim como fizera em Brasília mais cedo, dizendo-se cristão, contra o aborto e o que chama de ideologia de gênero. Repetiu que o seu governo colocou fim às invasões do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Bolsonaro também repetiu seu discurso contra aborto e, apesar do histórico de ataques a jornalistas, disse defender imprensa livre e acenou à base religiosa. “Sabemos que o Estado é laico, mas seu presidente é cristão.”

No Rio, o presidente falou em um palco acompanhado do governador Cláudio Castro (PL), do empresário Luciano Hang e dos deputados federais Clarissa Garotinho (União Brasil) e Daniel Silveira (PTB-RJ), que teve sua candidatura ao Senado impugnada nesta terça (6).

O candidato à vice-presidência, Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil, também estava ao seu lado, além do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O pastor Silas Malafaia participa dos atos em um carro de som.

O presidente chegou à capital fluminense por volta das 14h. Primeiro foi ao Aterro do Flamengo (entre o centro e a zona sul da cidade), sendo recebido em um carro aberto aos gritos de “mito”. Depois, seguiu em motociata até Copacabana.

Por ordem de Bolsonaro, as Forças Armadas mudaram o evento às pressas para o bairro, que normalmente é usado para atos a favor do presidente. Tradicionalmente, os desfiles de 7 de Setembro ocorrem na avenida Presidente Vargas, no centro da capital fluminense.

O feriado de 7 de Setembro deste ano marca os 200 anos da Independência do Brasil, mas foi usado por Bolsonaro como ato de campanha.

Pela manhã, diante de milhares de apoiadores na Esplanada dos Ministérios, o presidente discursou em tom de ameaça contra outros Poderes, com citação crítica ao STF e elogios a Michelle, que sorria ao seu lado.

Com tom machista, entoou os gritos de “imbrochável” e ensaiou fazer uma comparação com outras primeiras-damas, mas não citou diretamente a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher de Lula, que também tem buscado votos femininos para o marido.

“A vontade do povo se fará presente no próximo dia 2 de outubro, vamos todos votar, vamos convencer aquelas pessoas que pensam diferente de nós, vamos convencê-los do que é melhor para o nosso Brasil. Podemos dar várias comparações, até entre as primeiras damas. Ao meu lado, uma mulher de Deus e ativa na minha vida. Ao meu lado, não, muitas vezes ela está é na minha frente”, discursou ele.

“Tenho falado com homens que estão solteiros: procure uma mulher, uma princesa, se casem com ela, para serem mais felizes ainda”, acrescentou.

A fala em tom eleitoral e com pedido de votos ocorre no momento em que enfrenta dificuldade para impulsionar sua popularidade entre eleitoras. Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Lula (PT) nas simulações de primeiro e de segundo turno.