Em culto na igreja de Malafaia, Nikolas Ferreira diz que homossexuais ‘vão para o inferno’ e atribui o aborto à atriz Megan Fox
Deputado Federal chamou a artista americana de "capeta". Discurso, com ataque à comunidade LGBTQIAP+, gerou reação nas redes sociais
DA AGÊNCIA O GLOBO
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) voltou a provocar polêmica ao atacar a comunidade LGBTQIAP+, durante participação num culto realizado na Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do pastor Silas Malafaia, na Penha (RJ). O parlamentar afirmou aos seus fieis que homossexuais vão para o inferno e personificou o diabo na figura da atriz americana Megan Fox — em possível referência ao filme Garota Infernal (2009), no qual ela interpreta o papel de uma entidade maligna.
— Homossexuais vão para o inferno — diz o parlamentar no palco. — Mas você, que pode até ser fiel no seu casamento, mas não compreendeu a identidade no Reino e não assumiu ela, talvez você também vá para o inferno.
Ele prossegue, chamando Megan Fox de “capeta”, e aliando sua imagem ao aborto.
—A Igreja é uma instituição formada por Cristo, assim como a família. E tudo o que há em volta de nós diz respeito a influenciar você e a destruir sua família. Divórcio destrói famílias, a distorção da sexualidade destrói famílias. Dois homens não conseguem reproduzir uma criança; duas mulheres também não. E o aborto vem para destruir sua família. Imagina, se você matar seu filho eternamente, você nunca vai ter filhos, nunca vai ter a continuidade do seu filho. Mas como que isso tem entrado na Igreja? O aborto não pega a gente, porque o aborto é muito o capeta, é a Megan Fox. É o capeta.
Curiosamente, em livro autobiográfico lançado este mês, a atriz norte-americana revelou, em forma de poesias, que sofreu um aborto espontâneo recentemente, quando tinha 10 meses de gestação, algo que, contou em entrevista à revista “People”, lhe rendeu um trauma e problemas no relacionamento com o ex-companheiro, o cantor Machine Gun Kelly.
E o discurso do deputado federal provocou frisson e críticas nas redes.
— Em momento algum de sua fala, o deputado responsabilizou maridos agressores ou mães narcisistas, muito menos pais abusadores ou que expulsam seus filhos de casa por causa de sua sexualidade. Como sempre, a culpa recai sobre homossexuais, que embora, segundo ele, não possam procriar, adotam e acolhem muitos abandonados por seus pais heterossexuais — reagiu o pastor progressista Hermes Carvalho Fernandes.