BRASÍLIA

Maia evita fazer juízo sobre impeachment de Bolsonaro

O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou nesta segunda-feira pela primeira vez…

Rodrigo Maia (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Rodrigo Maia (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou nesta segunda-feira pela primeira vez sobre a crise política instalada após a demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Maia evitou comentar o mérito de pedidos de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, pois será “o juiz” das representações, mas ressaltou que o foco do parlamento neste momento deve ser o combate à crise do coronavírus. O presidente da Câmara acrescentou ainda que as denúncias de Moro sobre a possível interferência de Bolsonaro na Polícia Federal devem ser esclarecidas em inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na sexta-feira, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF a instauração de investigação sobre as acusações feitas por Moro de que Bolsonaro tentou interferir em investigações da Polícia Federal. O ministro decano da Corte, Celso de Mello, será responsável pelo caso.

— Os problemas do governo deve o governo tratar, e nesse caso específico o doutor Aras abriu uma investigação. Certamente vai chegar a um resultado. Um resultado sobre o que disse o ministro Moro e o que disse o presidente da República. É ruim, porque isso tudo amplia ainda mais os problemas que estamos vivendo. Mas já aconteceu, já há essa investigação. Certamente, conduzida pelo ministro Celso de Mello, a investigação terá resultados — disse Maia.

O presidente da Câmara disse ainda que o momento é delicado e, por isso, é preciso “ter paciência e ouvir mais do que falar”. Ele avalia que a crise política dá ainda mais “incertezas” ao país, com possibilidade de forte impacto econômico. Maia ressaltou que é legítimo deputados discutirem instalação de CPIs e outros instrumentos, mas que a Câmara, sob sua presidência, deve ter “equilíbrio” e “construir soluções”. Maia argumentou que preferiu o silêncio, porque estava refletindo.

— Em alguns momentos, é bom o silêncio. A sociedade muitas vezes, no silêncio, compreende melhor do que no conflito. Apesar disso, não sou um político de conflitos. Nos últimos dias, a gente vem acompanhando um conflito dentro do próprio governo. E eu andei refletindo nos últimos dias sobre qual deve ser o papel do parlamento, da Câmara dos Deputados, neste momento. Nós estamos infelizmente ainda no estágio inicial de brasileiros infectados com coronavírus e, infelizmente, também (em relação à evolução das) mortes de brasileiros — disse Maia.

Com quase 30 pedidos de impeachment contra Bolsonaro na fila para analisar, ele evitou fazer qualquer juízo prévio. E comentou momento delicado no governo Michel Temer, quando os deputados rejeitaram a abertura de processo criminal contra o presidente da República.

— Quando se trata de um tema como impeachment, eu sou o juiz. Não posso ficar comentando temas em que a decisão é minha, independente. Então, é uma questão que a gente tem que tomar muito cuidado. Eu já passei por isso no governo Michel Temer. E, com equilíbrio e paciência, a gente superou esse período. Hoje muitos olham o governo do presidente Michel Temer com muita saudade do que fizemos juntos.

Sobre a desconfiança em relação à permanência no governo do ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia disse que “a troca de ministros sempre gera desconfianças”. Disse que o cenário é preocupante, com possível queda de 5% do PIB aumento do desemprego e informalidade.

— Não podemos tirar do debate e da pauta do parlamento os projetos e as projeções do enfrentamento ao coronavírus — disse Maia.