SESSÃO

“Protesto, simbolismo”, diz Santana sobre colete à prova da balas na Câmara de Goiânia

Durante sessão da Câmara de Goiânia que aprovou, em primeira votação, projeto que proíbe a…

(Foto: Gustavo Moraes Mendes - Câmara de Goiânia)

Durante sessão da Câmara de Goiânia que aprovou, em primeira votação, projeto que proíbe a posse e porte de arma nas dependências do parlamento houve um fato inusitado. O vereador Santana Gomes (PRTB) foi à tribuna de colete à prova de balas. Ao portal, ele justificou: “Foi um protesto, um simbolismo.”

Ainda Mais Goiás, ele explicou a necessidade do ato de ir ao plenário com o colete. “Não podemos ficar submissos a esse tipo de coisa. Todos estavam com medo e hoje, com a aprovação, deu um ânimo, melhorou o clima“, declarou.

Para ele, é muito ruim ter alguém armado no plenário, além de perigoso. “Pode cair, disparar”, diz até mesmo sobre possíveis acidentes. “Então o colete é para mostrar a preocupação que temos. Se tem alguém armado, todos têm que estar de colete. Só a fala deve ser a nossa arma. Arma de fogo é perigoso, mina o processo legislativo. A arma da democracia é a fala”, reforçou e afirmou que o plenário soberano.

Vale lembrar, os debates sobre o projeto tiveram início na quinta-feira (7), mas se alongaram e a matéria não pode ser votada nesta terça. Foram 19 votos favoráveis e quatro contrários. Disseram “não” a proposta: Sargento Novandir (Avante), Gabriela Rodart (DC), Cabo Senna (Patriota) e Thialu Guiotti (Avante). Agentes de segurança da ativa são exceção ao texto.

Discurso de Santana

Em trecho do discurso no plenário, Santana afirmou que “quando votado, ninguém falou que o local onde eu deveria trabalhar, deveria usar colete a prova de balas”. Também afirmou que, no caso do texto não passar, “só tem uma alternativa, comprar um colete para cada um nessa Casa”.

E ainda: “Creio que todos os vereadores terão que usar um colete, pois o clima aqui é o pior possível. Garanto ainda que este projeto, sob nenhuma circunstância, não é contra forças policiais. Mas, sim, favorável à democracia e à liberdade de ir e vir no nosso Plenário. O Legislativo é soberano.”

Destaca-se, a proposta é do vereador Ronilson Reis (Brasil 35) e foi motivada pelo vereador Sargento Novandir, que, além de andar armado pelas dependências da Casa de Leis, também já colocou o revólver na tribuna, durante a repercussão do aumento do IPTU, quando se vestiu de palhaço e se disse enganado pela prefeitura de Goiânia.

Além disso, em passado recente, Novandir chegou a se dirigir ao vereador Santana e dizer que passou “anos trocando tiro com ladrão e hoje, infelizmente, eu não posso trocar tiro com quem tem o colarinho branco, se não com certeza nós dois íamos trocar. Porque nós sabemos o que o senhor é, o senhor é uma farsa”.

Novandir sobre o projeto

No plenário, Novandir afirmou que levaria a questão aos quartéis e instituições militares e de forças de segurança. “Se for aprovado vou apresentar um requerimento cancelando todas as homenagens que esta Casa pretende fazer aos militares. Essa proposta é uma maldade contra as forças de segurança.”

Na última semana, ao portal, ele declarou que se o problema do projeto era somente ele – pois o vereador Cabo Senna e o GCM Romário Policarpo também já foram armados à Casa de Leis, segundo o sargento – ele não iria mais armado à Casa. “Todos sabem que sou policial e que tenho condição de andar armado. Trabalhei 17 anos na polícia.”

Segundo ele, também na semana passada, a matéria vai gerar gastos com a inclusão de detectores de metal e aumento de efetivos de segurança. “Se o problema for eu, eu deixo de levar arma. Não precisaria de projeto, podemos fazer acordo. Minha preocupação é com o gasto com dinheiro público.”

Próximo passo

O projeto agora segue para a Comissão de Segurança Pública. O presidente do colegiado, Anderson Salles “Bokão”, já antecipou que apresentará uma emenda ao projeto. A ideia é alterar o art. 1º para que apenas vereadores eleitos fiquem proibidos da posse e do uso de armas no Plenário, durante sessões de homenagem a instituições de segurança. O vereador Geverson Abel (Avante) será o relator da matéria na comissão.