Economia

Auxílio Brasil de R$ 600 aprovado em PEC Eleitoral não compra nem uma cesta básica

O aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 aprovado na quinta-feira pelo Senado não…

Auxílio Brasil de R$ 600 aprovado em PEC Eleitoral não compra nem uma cesta básica
Foto: Fábio Rossi

O aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 aprovado na quinta-feira pelo Senado não deve ter o mesmo efeito para as famílias como teve o Auxílio Emergencial pago no início da pandemia. Apesar de ser de mesmo valor, a inflação nesse período foi historicamente alta e deteriorou o poder de compra da população.

O pagamento do Auxílio Emergencial para tratar dos efeitos da pandemia começou em abril de 2020 e era no valor de R$ 600. Corrigido pelo IPCA do período, esse tíquete chegaria a R$ 719,40 atualmente.

Com o valor pago em abril de 2020 era possível comprar uma cesta básica nas principais capitais do país e ainda reservar um dinheiro para outras necessidades. Atualmente, isso só é possível em cinco das capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).

De acordo com os dados, em abril de 2020 era possível comprar uma cesta básica com esse dinheiro em todas as 17 capitais pesquisadas, que inclui Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Campo Grande, Fortaleza, Salvador, entre outras.

A cesta básica mais cara era a de São Paulo, que chegava a R$ 556,25. Já a mais barata era em Aracaju, capital do Sergipe, onde a cesta custava R$ 401,37.

Na comparação com maio deste ano, último dado disponibilizado pelo Dieese, o Auxílio Brasil de R$ 600 não compra uma cesta básica na maioria das cidades pesquisadas. A cesta continua abaixo desse valor apenas em Aracaju, João Pessoa, Natal, Recife e Salvador e ainda assim todas acima de R$ 540.

Em capitais mais caras, é impossível comprar uma cesta básica com o auxílio. Em São Paulo, ela custa R$ 777,93, em Florianópolis, R$ 772,07 e em Porto Alegre, R$ 768,76.

A aprovação dessa PEC, segundo juristas, abre um precedente perigoso e irreversível, pois pode permitir que qualquer pretexto seja utilizado tanto para driblar a lei eleitoral como para afrontar a Constituição, criando um “vale-tudo eleitoral”.

Difícil encher o tanque

Além dos alimentos, o preço dos combustíveis também se elevou muito nesse período e dificultou o momento de “completar o tanque”.

Em abril de 2020, a gasolina estava em R$ 3,90 no estado de São Paulo. Era possível encher um tanque de 50 litros por R$ 195,45 e R$ 600 compravam 153,5 litros de gasolina.

Com os preços atuais colhidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), completar um tanque de 50 litros de gasolina em São Paulo custa R$ 344,20 e os R$ 600 só conseguem comprar 87,1 litros de combustível. Ou seja, em 2020 era possível completar três e agora só o equivalente a 1,75 tanque.

Em outros estados a dinâmica é parecida. Na Bahia, o preço médio do litro da gasolina em abril de 2020 era de R$ 4,23. O valor de R$ 600 compraria 141,9 litros de gasolina, quase três tanques de 50 litros.

Em junho, o preço médio no estado foi de R$ 7,97. Com o mesmo valor, seria possível comprar apenas 75,3 litros, nem dois tanques de 50 litros completos.