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Dilma quer nomes afinados com ela em banco público

Abaixo da briga partidária pelo loteamento da Esplanada dos Ministérios, uma outra disputa, não menos…

Abaixo da briga partidária pelo loteamento da Esplanada dos Ministérios, uma outra disputa, não menos intensa, é travada pelo comando dos bancos estatais. A indicação dos futuros ocupantes da presidência do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, o primeiro e o terceiro maiores bancos do País, respectivamente, dependerá, principalmente, da afinidade com a presidente Dilma Rousseff.

O nome da atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior, cotado para assumir o comando da Caixa, passou a ser visto no Palácio do Planalto e no próprio banco como a melhor saída justamente com base nesse critério. Ela teria a função de evitar que programas vitrines do governo Dilma tenham o orçamento cortado.

Já se teme o enxugamento de verba determinado pela futura equipe econômica sob comando próximo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Com status de ex-ministra, Miriam teria “peito”, na visão desse grupo, para impedir que a restrição fiscal atinja programas como o Minha Casa Minha Vida, que são coqueluches de Dilma.

A presidente já avisou que não abre mão de ter à frente dos bancos públicos pessoas de sua extrema confiança para colocar em prática suas ideias, mesmo contrariando a área técnica.

Um exemplo dessa prática é o programa Minha Casa Melhor, linha de crédito para a compra de móveis, computadores e eletrodomésticos. Por vontade da presidente, a Caixa foi obrigada a bancar o programa, apesar de análises feitas pela área técnica do banco terem alertado que, da forma como foi feito, o programa representa riscos para a saúde financeira do órgão.

Miriam é tratada no PT como “coringa” e outra opção seria colocá-la à frente do Ministério das Cidades, uma das mais disputadas da Esplanada. Além dos petistas, o PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o PMDB, com Moreira Franco, e o PP, com Aguinaldo Ribeiro ou o atual ministro Gilberto Occhi, travam nos bastidores uma corrida para ficar com a pasta que tem grande capilaridade política devido aos programas de infraestrutura, habitação e saneamento.

Hereda

Outra alternativa seria deixar a Caixa com o petista Jorge Hereda, que conta com o apoio do governador da Bahia e amigo da presidente, Jaques Wagner (PT). No entanto, dentro do próprio banco a avaliação é de que dificilmente ele permanecerá no cargo depois de episódios de muito desgaste, como a manobra contábil feita com recursos de cerca de 500 mil cadernetas de poupança para inflar os resultados da instituição.

Outra turbulência enfrentada por Hereda foi a corrida às agências da Caixa, em maio de 2013, por causa de rumores sobre o fim do Bolsa Família. O atual presidente da Caixa teria um cargo garantido no ministério que o governador da Bahia for assumir.

Banco do Brasil

No caso do Banco do Brasil, a dúvida sobre quem comandará o maior banco brasileiro está entre o atual vice-presidente de Varejo do BB, Alexandre Abreu, e o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli.

Ambos contam com prestígio com a presidente. Abreu, preferido do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi responsável por comandar o programa Bom Para Todos, em 2012, quando a presidente forçou uma redução nos juros e tarifas bancários. O BB foi o primeiro banco a abaixar as taxas, sendo seguido pelos demais naquele momento de Selic baixa. Abreu também é o nome do atual presidente do banco, Aldemir Bendine.

Já Caffarelli, no ministério, conseguiu que elétricas e bancos entrassem em acordo na renegociação das dívidas do setor, o que lhe garantiu o apoio do atual ministro da Fazenda, Guido Mantega para ocupar o cargo.

Em uma das hipóteses discutidas, o preterido para o posto no BB poderia ocupar a presidência do BNDES, em um momento de reestruturação do banco de fomento. Nesse caso, o nome mais forte seria de Cafarelli, com maior trânsito entre as empresas e que chegou a comentar a alguns interlocutores que não deseja a presidência do Banco do Brasil.

Para o comando da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, que tem participação acionária nas maiores empresas do País, o nome mais cotado é do atual vice-presidente de gestão de pessoas do banco, Robson Faria, filiado ao PT. Seria uma forma de o partido retomar o comando de um dos maiores fundos de pensão do mundo depois que Sérgio Rosa, que ficou à frente da Previ durante o governo Lula, saiu do cargo em 2010. Cotado para a vaga, o vice-presidente de finanças do BB, Ivan Monteiro, afirmou a interlocutores que não aceitaria o posto porque tem perfil mais técnico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.