IRREGULARIDADE

Forças Armadas compraram R$ 56 milhões em filé mignon, salmão e picanha em um ano

As Forças Armadas compraram entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022 557,8 mil quilos…

Integrantes das Forças Armadas entrem para a reserva logo ao registrar candidatura militar a se aposentar para disputar eleição
(Foto: Divulgação)

As Forças Armadas compraram entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022 557,8 mil quilos de filé para os comandos da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, além da Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel). O valor total deste gasto foi de R$ 25,3 milhões. Foram comprados ainda 373,2 mil quilos de picanha e 254 mil quilos de salmão, somando R$ 18,7 milhões e R$ 12,2 milhões, respectivamente. O montante total do processo foi de R$ 56 milhões.

A compra aconteceu na gestão do ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto. A denúncia foi apurada pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

O deputado goiano ainda está analisando os processos, mas um caso já chama a atenção. Um dos pregões é destinado à compra de 23 mil quilos de filé mignon para o Grupamento de Apoio do Galeão, no Rio de Janeiro. O valor do quilo é estipulado em R$71 e poderia estar superfaturado. O processo é de fevereiro e em dezembro do ano passado, dois meses antes, foram realizados pregões com preço inferior.

“O preço da carne não subiu 42% nesse período. Há indícios de irregularidades e vamos investigar detalhadamente todos os processos. Caso sejam constatados problemas, vamos denunciar ao Tribunal de Contas da União”, explica o parlamentar.

Picanha e cerveja

Em fevereiro de 2021, 10 parlamentares do PSB denunciaram as compras de alimentação de luxo com dinheiro público.

No Painel de Preços do Ministério da Economia, foi identificado os processos de compra de 714 mil quilos de picanha; 80 mil cervejas, inclusive com exigência de marcas como Heineken e Stella Artois; mais de 150 mil quilos de bacalhau; 438,8 mil quilos de salmão; 1,2 milhão de quilos de filé mignon, além de uísque 12 anos e conhaque.

As denúncias foram apresentadas ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União. O MPF distribuiu a representação aos estados e já foram instalados mais de 20 processos de investigação. O TCU recomendou a fiscalização das compras.