Sequestro

Médica e filho de 4 anos são sequestrados na Barra da Tijuca e mantidos reféns em favela

RIO – A ida ao shopping no último domingo, dia 10, terminou com momentos de…

RIO – A ida ao shopping no último domingo, dia 10, terminou com momentos de terror para uma médica de 39 anos e seu filho de 4. Os dois sofreram um sequestro-relâmpago na Barra da Tijuca e foram levados no carro da família por criminosos armados para a Cidade de Deus, falvela que também fica na Zona Oeste do Rio.

As vítimas foram abordadas por volta de 20h50, ao saírem de uma lanchonete na Avenida João Cabral de Mello Neto, e ficaram como reféns por cerca de 35 minutos, enquanto os bandidos desbloqueavam o celular e os aplicativos de bancos da mulher, utilizavam seus cartões de créditos em uma máquina portátil de pagamentos e ainda solicitavam transferência por PIX de seu marido e amigos. Eles foram deixados em um ponto de ônibus na Avenida Ayrton Senna, na Gardênia Azul.

Na 16ª DP (Barra da Tijuca), a médica relatou que, naquela noite, saía do shopping Via Parque com o filho quando notou que um carro branco, provavelmente das marcas Honda ou Hyundai, parou torto em uma vaga de estacionamento e ninguém saiu do veículo. Após deixar o local, dirigindo seu carro blindado, ela parou com o menino no drive-thru de uma lanchonete, na Rua João Cabral de Mello Neto. Saindo do estabelecimento, disse ter levado uma fechada cerca de 30 metros adiante do mesmo carro que havia visto no shopping e que já estava lhe aguardando.

A médica contou que, então, saíram do veículo três bandidos. Um deles, que veio pela frente, apontou-lhe um revólver, abriu a porta e ordenou que ela fosse para a parte traseira, onde estava a criança na cadeirinha. Ele assumiu a direção do carro, enquanto os outros dois se sentaram no banco do carona e no banco de trás, ao lado dela e do menino.

A partir daí, foram 35 minutos de tensão. Aos policiais, a mulher contou que seu veículo passou a seguir o dos criminosos, em velocidade de aproximadamente 20 quilômetros por hora, até a Cidade de Deus. Durante o percurso, eles foram exigindo as transações bancárias e ordenaram que ela ligasse para terceiros pedindo PIX, pois sabiam que naquele horário as transferências têm limite de mil reais. Além do valor total de R$ 3 mil nesse tipo de ferramenta, passaram em maquininhas dois cartões de crédito do Banco do Brasil e roubaram o celular iPhone 11 da vítima, além do carro.

Ainda na delegacia, a médica disse que, após pararem dentro da Cidade de Deus, ela e o filho foram deixados pelos bandidos em um ponto de ônibus próximo ao Espaço Hall, no sentido da Linha Amarela. Lá, a mulher conseguiu pedir socorro e ligar para o marido, que a buscou e a levou até a delegacia.

Abalada, a médica preferiu não dar entrevista sobre o caso. Ao GLOBO, a Secretaria de Polícia Militar informou que só teve conhecimento do caso após o registro feito na delegacia, não tendo sido acionada pela vítima. Já a Polícia Civil afirmou que câmeras de segurança de dois pontos — onde a vítima percebeu a presença dos criminosos — já foram requisitadas pelos agentes. “Outras diligências estão em andamento, porém, não podem ser detalhadas para não prejudicar a investigação”, disse, por meio da assessoria de imprensa. Em nota, o Via Parque disse que está colaborando com as investigações.

Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados 29 sequestros-relâmpago no Estado do Rio, quase o dobro de 2021. Nos mesmos períodos, a polícia não recebeu nenhum caso de extorsão mediante sequestro.