Nova onda

Quanto tempo dura a onda da Covid-19 provocada pela nova variante em circulação?

O aumento de casos de Covid-19 no Brasil, que chegou a 465% durante o mês…

Em 24 horas, país contabilizou 31.561 casos e 253 óbitos. Covid-19: Brasil tem 29,9 milhões de casos e 659,7 mil mortes
Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil

O aumento de casos de Covid-19 no Brasil, que chegou a 465% durante o mês de outubro nas farmácias, acontece ao mesmo tempo em que o mundo passa a registrar novas ondas da doença e a detectar uma proporção cada vez maior de diagnósticos causados pela subvariante da Ômicron BQ.1.

A alta está apenas no início por aqui, porém outros países que observaram a chegada da sublinhagem mais cedo já vivem hoje um cenário de queda nos casos, sugerindo em quanto tempo a tendência pode voltar a ser de desaceleração da doença no Brasil.

Embora especialistas alertem que os números de casos oficiais são menores que a realidade devido à baixa procura pelos testes, as curvas epidemiológicas registradas em lugares como França, Dinamarca, Bélgica e Itália indicam que a nova onda pode demorar até 36 dias para chegar ao pico, e voltar ao patamar anterior em cerca de dois meses.

Subvariantes em circulação

Para compreender a dinâmica das subavariantes e do crescimento dos diagnósticos nos países, primeiro é preciso lembrar o que são as sublinhagens da Ômicron. Como todo o vírus, o Sars-CoV-2, causador da Covid-19, passa por diversas mutações com o decorrer do tempo.

Aquelas que conferem a ele melhores chances de sobrevivência – como uma transmissibilidade maior e uma capacidade de escapar de anticorpos gerados por infecções anteriores ou pelas vacinas – acabam se tornando predominantes, e geralmente levam a um aumento de casos, embora os imunizantes sigam eficazes para prevenir hospitalizações e óbitos.

No entanto, de modo diferente das cepas anteriores, como a Delta e a Gama, a Ômicron tem chamado atenção pela velocidade acelerada com que essas mutações ocorrem, o que está por trás dos relatos recorrentes de reinfecção. Em janeiro, por exemplo, na primeira onda da variante, a responsável era a versão BA.1.

Poucos meses depois, alguns países passaram por novos aumentos de casos com a identificação da BA.2. Em junho, o mundo como um todo, incluindo o Brasil, teve uma onda significativa, embora menor que as anteriores, provocada pelas sublinhagens BA.4 e BA.5.

Essas duas últimas, especialmente a BA.5, se estabeleceram como prevalentes na maioria dos países desde então, mas em setembro começaram a dar lugar a uma série de novas subvariantes da Ômicron que têm se espalhado pelo planeta. A grande maioria dessas novas versões são derivadas da BA.5.

É o caso da XBB, que provocou uma onda em Cingapura, e da BQ.1 e BQ.1.1 – que são as consideradas mais preocupantes pelas autoridades sanitárias. As duas versões da BQ.1 têm crescido principalmente na Europa, onde alguns países vivem o início de um aumento de casos, mas outros já entram num estágio de queda.

No final de outubro, o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC) emitiu um alerta sobre as sublinhagens em que estimaram uma predominância da BQ.1 no continente até o fim de novembro, início de dezembro. “Isso provavelmente contribuirá para um aumento no número de casos de Covid-19 nas próximas semanas a meses”, disse o comunicado.

“Estudos preliminares de laboratório na Ásia indicam que BQ.1 tem a capacidade de evadir consideravelmente a resposta do sistema imunológico. No entanto, de acordo com os dados limitados atualmente disponíveis, não há evidências de que BQ.1 esteja associado ao aumento da gravidade da infecção em comparação com as variantes Omicron BA.4/BA.5 circulantes”, acrescentou o centro.

Para impedir que o aumento de casos se traduza no crescimento de internações e óbitos, a autoridade chamou atenção justamente para a necessidade de se aumentar a cobertura vacinal da população com o esquema vacinal de três doses, que está em média em 53,9% nos países da União Europeia, além da quarta dose para os grupos orientados, em apenas 19,3% entre os europeus maiores de 60 anos.

Cenário em países que vivem queda de casos

No último boletim mensal do ECDC, referente às informações até o último dia 6, porém, o centro já destaca uma diminuição na tendência de novos casos de Covid-19, incluindo na população idosa, em relação à semana anterior. Ainda assim, sobre as subvariantes, ressalta o crescimento da BQ.1 como um dos fatores para que as nações continuem em alerta.

Com base em nove países que têm um volume adequado de amostras para sequenciamento genético, o órgão estimou que entre 17 e 30 de outubro a distribuição das sublinhagens foi de 79,5% para BA.5 e 18,1% para a BQ.1 na Europa. Há ainda 2,6% para BA.4, 1,9% para BA.2.75 e 0,5% para BA.2.

Na França, porém, um dos países com maior proporção de BQ.1, o boletim já aponta para uma prevalência superior a 50% da subvariante no início de novembro – taxa que estava em 36,8% nas semanas anteriores. O país começou a identificar casos causados pela nova versão da Ômicron em setembro, e passou a ter de fato um crescimento nos diagnósticos de Covid-19 a partir do dia 6 daquele mês.

Segundo a plataforma de dados Our World in Data, da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, essa tendência de aumento durou até o dia 12 de outubro, quando chegou a cerca de 57 mil novos casos por dia – contra 16 mil antes. Desde então, a França vive uma queda no indicador, registrando hoje aproximadamente 25 mil diagnósticos diários. Por lá, 60% da população recebeu três doses da vacina.

Na Bélgica, onde a proporção da BQ.1 ultrapassa 25% das amostras, a onda recente de casos de Covid-19 durou cerca de 30 dias. Na Dinamarca, em que a sublinhagem é ainda mais prevalente, chegando perto de 50%, o contágio demorou 21 dias para atingir o ápice. Na Itália, embora a predominância da BQ.1 seja menor que 25%, houve um aumento de casos que durou 30 dias.