Crise

Votorantim para produção em Niquelândia

// Em nota oficial enviada à imprensa nesta segunda-feira (18/01), a Votorantim Metais confirmou a…


//

Em nota oficial enviada à imprensa nesta segunda-feira (18/01), a Votorantim Metais confirmou a suspensão das operações de níquel das unidades de Niquelândia e de São Miguel Paulista (SP), até que sejam restabelecidas as condições de mercado necessárias para a viabilidade do negócio.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Niquelândia, Geraldo Lopes de Souza, cerca de 800 empregados diretos da Votorantim Metais serão demitidos, isso sem contar o grande número de vagas que serão fechadas nas empresas terceirizadas que empregam mão de obra na prestação de serviços à multinacional.

De acordo com o comunicado da multinacional, “trata-se de uma decisão difícil – mas necessária após expressivas quedas do preço do metal” que, somente em 2015, sofreu redução na ordem de 40% em seu preço.

A empresa destacou que os preços globais do negócio níquel – regidos pela London Metal Exchange (LME) – impõe um cenário desafiador ao mercado de commodities metálicas com desequilíbrios econômico-financeiros nas operações globais do setor de mineração e metalurgia, em especial no segmento níquel, “cotado nos mais baixos patamares da história ao longo dos últimos anos”, também de acordo com a nota.

A Votorantim Metais ainda afirmou que, apesar de a empresa ter estabelecido uma rigorosa gestão com foco na excelência operacional e otimização de custos, chegou-se ao consenso que as paralisações em Niquelândia e em SP eram necessárias porque a análise de diversos cenários não demonstrou viabilidade econômica do minério de níquel no curto e médio prazo.

CIDADE EM ESTADO DE CHOQUE

A informação da paralisação das atividades da Votorantim Metais em Niquelândia começou a ganhar corpo por volta das 15h30 desta segunda-feira (16), através das redes sociais. Horas antes, o gerente-geral da empresa na cidade, José Maximino Ferron, reuniu-se com os colaboradores da multinacional para uma tensa reunião na planta no Acampamento Macedo em que detalhou o que realmente estava ocorrendo.

Inclusive, um áudio de pouco mais de seis minutos – com a voz de José Maximino, supostamente gravada ao longo do crucial encontro – circulou intensamente no WhatsApp com o prenúncio de que o pior realmente estava por vir: no próximo dia 1º de fevereiro, segundo a nota oficial da Votorantim, serão suspensas as atividades de lavra (a extração do minério) em Niquelândia.

Em 90 dias – a partir do dia 1º de maio – haverá a suspensão das atividades produtivas em Niquelândia (o beneficiamento) e em São Miguel Paulista (a refinaria). A empresa informou, ainda, que será mantida a infraestrutura necessária para a garantia da execução dos compromissos legais e socioambientais vigentes; e a continuidade, por tempo indeterminado, dos investimentos nos programas sociais de Niquelândia e São Miguel Paulista.

Na entrevista exclusiva ao DN, o presidente do Sitien disse que a direção da Votorantim Metais reuniu-se com a diretoria da entidade às 13 horas desta segunda-feira (18) para oficializar a decisão da paralisação gradual das atividades e abrir o diálogo para tratar sobre as condições de desligamento dos colaboradores. De acordo com Geraldo, apenas 10% deles serão mantidos pela empresa.

“O impacto desse acontecimento, para Niquelândia, é péssimo e absurdamente negativo. Para muita gente, a ficha não caiu ainda. Para vocês terem uma ideia, haverá um efeito em cadeia: as oficinas vão demitir; os supermercados irão demitir; açougues; padarias; as manicures; enfim. Toda a cadeia produtiva será afetada. Porém, não foi uma decisão que nos pegou exatamente de surpresa. Estávamos, é verdade, era rezando e pedindo a Deus que isso (a demissão em massa) não ocorresse, ainda com a esperança de que passássemos por 2016. Porém, sabíamos muito bem como estava o valor do níquel no mercado internacional”, disse o presidente do Sitien.