REPARAÇÃO

160 donos de caminhonete com defeito em Goiás esperam reparação judicial

Proprietários de veículos Amarok (Volkswagen) fabricados entre os anos de 2011 e 2015 podem pleitear…

160 donos de caminhonete com defeito em Goiás se cadastram em site para antecipar direitos
160 donos de caminhonete com defeito em Goiás se cadastram em site para antecipar direitos (Foto: Arquivo Pessoal - Wandalo Buareto)

Proprietários de veículos Amarok (Volkswagen) fabricados entre os anos de 2011 e 2015 podem pleitear o ressarcimento de danos financeiros decorrentes de prejuízos causados por uma fraude em um dispositivo responsável pelo controle na emissão de poluentes. A estimativa é que 500 mil proprietários e ex-proprietários no modelo, espalhados pelo Brasil, sejam atingidos pelo problema, amparados por ação judicial que ampliou o direito a pessoas que adquiriram veículos fabricados nesses anos até setembro de 2020.

Para tentar recuperar uma parte dos gastos, proprietários e ex-proprietários de Amarok recorreram à civictech www.Regera.vc, que assume os riscos e custos e antecipa os direitos dos pequenos e médios consumidores e já possui mais de dois mil consumidores aderentes a esta causa. Em Goiás, o número de consumidores cadastrados na plataforma é de cerca de 160.

“Entre os cadastrados na plataforma www.dieselgate.com.br 90% gastaram, em média, R$ 14.007,00 com a manutenção do veículo, sendo 66% deste total prejudicados por problemas na válvula EGR; e 75% com a correia dentada. Estes dois itens estão diretamente ligados ao sistema do software fraudador e atingem muitos veículos fabricados entre 2011 e 2015”, afirma Bruno Dollo, CEO da www.Regera.vc .

Trata-se de uma série de problemas na mecânica do veículo desencadeados por um software, segundo o Regera. Por causa da “dor de cabeça” gerada aos proprietários e ex-proprietários da pick-up, o “escândalo” ganhou o apelido de Dieselgate. Inclusive, aqueles consumidores que aderiram podem pleitear o ressarcimento de danos financeiros decorrentes dos prejuízos causados, graças a uma ação judicial que ampliou o direito à pessoas que adquiriram veículos fabricados nesses anos até setembro de 2020.

Goiás

Segundo o mecânico de caminhões Wandalo Buareto da Silva, de Anápolis, o primeiro problema com a pick-up ocorreu após 3 mil km rodados, em uma viagem para a Bahia. O carro ficou na estrada e precisou ser rebocado – a montadora disponibilizou passagens aéreas para ele. Ele comprou o veículo novo, em 2014.

“Lá [Bahia] não conseguiram consertar e trouxeram o carro para Anápolis novamente. O motor havia fundido. Arrumaram o veículo. Continuei usando e com 7 mil km rodados o motor fundiu pela segunda vez. A concessionária buscou, consertou. Mais dois mil quilômetros foram suficientes para um novo problema e já não estava mais na garantia”, disse ao Mais Goiás.

Ao todo, ele gastou mais de R$ 80 mil em consertos. Em vários deles a válvula EGR e correia dentada eram substituídas – tudo relacionado ao motor. Há cerca de seis meses o carro está parado, inclusive, desmontado na oficina dele.

“Colocar um novo motor, mesmo que usado, vai custar em torno de R$ 60 mil. Tento vender, mas as pessoas querem pagar apenas R$ 40 mil. Não vendo por este valor, pois o preço atual está em cerca de R$ 170 mil. Enquanto não decido o que faço, o carro fica aqui parado, sem motor. Isso já faz seis meses.” Ele lembra, ainda, que na mesma época comprou outra caminhonete, as esta nunca deu problema.

Questionado, então, o que fará com o veículo, ele afirma que pretende trocar por um motor de D20 ou Silverado. “Ela é boa de segurança estabilidade, mas a parte de motor é péssima. Estou em busca de um motor de outro veículo.”

Outro goiano

O mecânico agrícola Daniel Ferreira Gomes comprou, em 2019, o veículo de 2014 por R$ 85 mil. “A caminhonete só dava problema, não saía da oficina. Várias peças eram trocadas, entre elas a válvula EGR e correia dentada, e o veículo nunca ficava bom. E foi num desses deslocamentos que fiquei na estrada. Fiquei com ela pouco mais de um ano. O motor fundiu, não aguentei. Consertei e passei pra frente”.

Ele conseguiu vender o carro pelo mesmo preço, mas gastou quase R$ 40 mil com oficinas, que não irá recuperar. “Se tivesse ficado com ela por mais tempo, certamente o prejuízo seria maior. Este foi o pior negócio da minha vida”, desabafa.

Software

Segundo informação do site Regera, o caso Dieselgate tem relação com a instalação de um software que serve para controlar as emissões de óxido de hidrogênio (NOx) do motor EA189. Em testes de laboratório, o carro soltava menos poluentes, o que permitiu a montadora se adequar a legislação ambiental.

Nas ruas, porém, a emissão ficava acima do mensurado. Com isso, o desempenho do veículo ficou prejudicado. Proprietários relatam perda de potência e alta no consumo de combustível, entre outros.

Volksvagen

O Mais Goiás procurou a Volksvagen por e-mail para se manifestar sobre o caso por volta das 17h. Eles pediram mais informações sobre o caso, que foram repassadas, mas até o momento não enviaram um posicionamento. O espaço segue aberto.