Acima da Capacidade

Após o caso do desaparecimento do corpo, direção da Maternidade Marlene Teixeira é afastada

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia afastou a direção da Maternidade…

Aparecida (GO): Maternidade Marlene Teixeira fechará para atendimento especializado à mulher
Aparecida (GO): Maternidade Marlene Teixeira fechará para atendimento especializado à mulher (Foto: Reprodução / Google Street View)

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia afastou a direção da Maternidade Marlene Teixeira após o episódio do desaparecimento do corpo do recém-nascido, ocorrido na última sexta-feira (25). O feto, dado como desaparecido e depois como incinerado, foi encontrado na empresa Resíduo Zero Ambiental nesta segunda-feira (28) segundo a SMS.

Além da direção, a funcionária que atestou o recolhimento do material pela empresa também foi afastada. A pasta informou, também, que implementou uma sindicância e um Grupo de Intervenção Hospitalar. O objetivo é fiscalizar o cumprimento dos protocolos estabelecidos dentro da unidade.

Por meio de nota, a SMS informou que a confusão aconteceu porque a unidade funcionava acima da capacidade, no dia 24 de outubro. Por isso, a equipe da Maternidade utilizou a refrigeração onde estão localizadas as placentas para guardar o corpo do recém-nascido. Leia a nota, na íntegra, no final da matéria.

Procedimento padrão na Maternidade

Todo o procedimento de coleta de resíduos biológicos seguiu o procedimento padrão. É o que afirma a empresa Resíduo Zero Ambiental, responsável pelo serviço na unidade.

De acordo com a empresa, o recolhimento dos resíduos no dia 25 de outubro foi feito às 14h40, como de praxe. Foi informado que os funcionários chegaram ao local, coletaram o material no local indicado e saíram. Ainda de acordo com a nota oficial, não houve acesso deles a qualquer outra dependência da maternidade.

O texto também diz que o trabalho seguiu o procedimento operacional específico, que veda expressamente a violação dos resíduos com o objetivo de evitar a contaminação.

Nunca falei

Outra afirmação da empresa é que ela nunca comunicou que o corpo havia sido incinerado. Segundo o texto, a SMS e a maternidade “se precipitaram erroneamente ao afirmarem isso”. A Resíduo Zero ressaltou que, assim que soube que poderia haver um corpo entre os resíduos, interrompeu o tratamento térmico para que a Polícia Civil (PC) pudesse fazer a perícia.

Por fim, a nota afirma que lamenta o ocorrido, que a empresa tem contribuído para as investigações e que se solidariza com a família.

Relembre o caso

O bebê morreu por complicações decorrentes da prematuridade do parto. O corpo desapareceu logo em seguida. O pai da criança, Rogério Cardoso de Almeida, afirma ter visto o corpo do filho ainda morto. No entanto, quando voltou com os papéis necessários para o sepultamento, o bebê não estava mais lá.

À época, a SMS esclareceu que o recém-nascido, em estado de prematuridade extrema, faleceu quando estava prestes a ser transferido para outra unidade, de alta complexidade. “Diante disso, a equipe da Maternidade tomou as medidas cabíveis para o caso, porém quando o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) chegou ao local para recolher o corpo, este não foi localizado”.

Em seguida, a pasta esclareceu, na manhã de sábado (26), que existia um indicativo de que o corpo do recém-nascido teria sido incinerado por engano. O indicativo surgiu durante apurações administrativas e policiais no caso.

Por meio de nota, a SMS informou que “chegou-se ao indicativo de que a empresa responsável pelo recolhimento dos resíduos biológicos cometeu um equívoco e levou o corpo do recém-nascido para incineração, o que é procedimento de praxe no caso dos resíduos biológicos”.

Nota da SMS

[olho author=”SMS”]

“A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia esclarece que na última quinta-feira, 24, com a Maternidade Marlene Teixeira funcionando acima da capacidade, todos os ambientes da unidade estavam ocupados por gestantes/parturientes, inclusive o ambiente originalmente destinado para guardar Rogério Cardoso de Almeida Filho. Assim, excepcionalmente, a equipe da Maternidade utilizou a refrigeração onde estão localizadas as placentas para guardar o corpo do recém-nascido, devidamente identificado, como todo o material ali localizado.

A Secretaria informa que já afastou a direção da Maternidade e a funcionária que atestou o recolhimento do material pela empresa e que implementou sindicância administrativa e estabeleceu um Grupo de Intervenção Hospitalar para fiscalização da Maternidade quanto ao cumprimento de todos os protocolos estabelecidos pela Secretaria. Agora, a pasta esclarece que aguarda as conclusões das investigações policiais e que irá aplicar todas as sanções cabíveis aos responsáveis.”

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Nota da Resíduo Zero Ambiental

[olho author=”Resíduo Zero Ambiental”]

“A Resíduo Zero Ambiental esclarece que é responsável pelo recolhimento dos resíduos biológicos e perfurocortantes das unidades de saúde municipal de Aparecida de Goiânia.

Os resíduos são coletados conforme procedimento operacional específico, que, entre outros, veda expressamente a violação dos resíduos por parte de seus funcionários, para evitar qualquer tipo de contaminação.

A coleta dos resíduos hospitalares na Maternidade Marlene Teixeira foi realizada na sexta-feira, 25. Como de praxe, no local de sempre, indicado pela maternidade, sem que os colaboradores da Resíduo Zero Ambiental tivessem acesso às demais dependências internas da maternidade (apenas ao local determinado para descarte de resíduos).

A coleta dos resíduos hospitalares foi realizada conforme o procedimento, com atestação de servidor da maternidade, que assinou o documento (Ticket de Pesagem) às 14h40.

Em seguida, os resíduos foram encaminhados para a empresa seguindo o rito para o processo de tratamento.

Embora parte dos resíduos coletados na última sexta-feira tenham recebido tratamento térmico no mesmo dia, o corpo estava em outro container, que ainda não havia passado pelo processo de tratamento.

Em nenhum momento a empresa informou que o resíduo coletado havia sido incinerado. A Maternidade e a Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia se precipitaram erroneamente ao afirmarem isso.

Após tomar conhecimento da possibilidade de existir um corpo dentro de suas instalações, a empresa determinou que o resíduo armazenado não fosse tratado até que as buscas ou perícias fossem realizadas adequadamente pela Polícia Civil e peritos.

A Resíduo Zero Ambiental lamenta o ocorrido. A empresa contribuiu para os esclarecimentos dos fatos, fornecendo as devidas informações e permanecendo  à disposição da Polícia Civil e demais autoridades.

Por fim, novamente presta sua solidariedade à família e permanece à disposição para informações adicionais acerca de suas atividades.”

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