“É lamentável”, diz pai de estudante assassinado em 2013 ao comentar adiamento do júri
Julgamento do réu Paulo Victor Sousa Gomes estava marcado para acontecer no dia 7 de novembro, mas foi adiado para 25 de março de 2024

O adiamento do júri que decidirá o futuro do médico veterinário Paulo Victor Sousa Gomes, responsável pelo golpe de canivete que matou o estudante Jehan Paiva durante uma festa universitária em Anápolis no dia 7 de junho de 2013, frustrou a família da vítima. O julgamento estava marcado para acontecer na última terça (7), mas foi adiado para 25 de março de 2024 em razão da ausência da representante do Ministério Público e do advogado do réu.
“É lamentável o fato que aconteceu, porque a família estava toda reunida lá no Fórum. Havia pessoas que vieram de longe, 200 ou 300 km de distância. Um grande número de amigos do Jehan estava presente, além de colegas de faculdade, pessoas da sociedade que se sensibilizaram com o caso, e nós esperávamos que acontecesse o julgamento para que nos sentíssemos um pouco mais aliviados com essa situação”, diz o dentista José Paiva, pai de Jehan. “Mas nós vamos continuar fortes, clamando por justiça, e o réu receberá a pena que merece”.
O advogado que representa a família da vítima, Eduvirgem da Silva, reafirma o sentimento de frustração. “A tentativa de procrastinar prova para a gente que eles sabem que a condenação virá. Mas fica a frustração por não poder entregar, à família do Jehan, a reparação judicial que eles esperam há dez anos“.

Adiamento
Ao comunicar o adiamento da sessão, a juíza responsável pelo caso, Natália Bueno Arantes da Costa, afirmou que seria impossível dar continuidade ao julgamento se não estivessem presentes a representante do Ministério Público e o advogado de defesa do réu.
No caso do advogado de defesa, a justificativa foi um atestado médico. No caso da promotora, a alegação foi a de que acontecia, naquele mesmo momento, um júri que demandava a “atuação prioritária” da promotoria.
“O MP requereu ao Poder Judiciário,no dia 1º de novembro, a redesignação da mencionada sessão plenária informando que fora intimado para atuar na mesma data (07/11) em outro processo criminal, na 2ª Vara Criminal de Anápolis, acerca de homicídio qualificado com ocultação de cadáver, em que a ré se encontra presa cautelarmente, o que, conforme orientação da Corregedoria do MPGO deve ter atuação prioritária em detrimento de situações que envolvam réus que respondam a processos em liberdade”, disse nota da Associação Goiana do Ministério Público (AGMP).
A morte
Jehan, estudante do 8º período de odontologia da Unievangélica, era o organizador de uma festa para alunos do curso e tentou apartar a briga do médico veterinário Paulo Victor Sousa Gomes com um rapaz que teria tentado furar a fila do chopp. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o veterinário teria se irritado com a intervenção de Jehan e lhe dado um golpe de canivete no tórax. Em interrogatório, Paulo Victor diz que agiu em legítima defesa, mas o pai contesta: “Quem quer se defender dá uma facada na perna, no braço. Não no coração. Ele atacou para matar”.