Precariedade

Enfermeiras denunciam falta de medicamentos e insumos básicos no Hugo

Funcionários do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) denunciam nova situação de…

Funcionários do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) denunciam nova situação de falta de medicamentos e materiais básicos para o funcionamento da unidade e atendimento de pacientes. Luvas, gazes, dipirona, anestésicos pomadas para curativos, equipamentos para aplicação remédios estão com estoque baixo e/ou zerado desde segunda-feira (17), o que vem provocando cancelamento de cirurgias. A comida para trabalhadores também está defasada e roupas de cama estão sendo racionadas.

A informação é de uma enfermeira concursada que não quis ter o nome revelado com medo de perseguição. “Está faltando o básico do básico. Simplesmente não tem materiais porque as empresas não recebem e não fornecem. Até dipirona está em falta, estamos em uma situação crítica”.

Segundo ela, também não há luvas suficientes. “Estamos sem luvas de procedimento e para não deixar o serviço parar usamos luvas cirúrgicas, estéreis, que são até 10 vezes mais caras que as comuns. Mesmo assim, a ordem é utilizar pouco. Por isso, estamos quebrando o protocolo e realizando alguns procedimentos, como aplicação de medicação, sem luva nenhuma.

Para a enfermeira, nada na unidade está funcionando como deveria. “Roupas de cama estão sendo racionadas, assim como a comida para funcionários. Estamos recebendo alimentação aquém do habitual e as pessoas já falam sobre a suspensão do benefício”.

Crise

Uma colega do setor de traumatologia confirma a denúncia. “Estamos fazendo curativo aqui só com soro e álcool, já que não temos gazes ou pomadas, como Dersani, que evitam que os curativos se colem aos ferimentos e possibilitam a recuperação do tecido lesionado”.

Quem precisar receber medicação na veia também pode ter problemas já que os equipamentos necessários para aplicação também estão zerados. “Estamos com dificuldades para realizar punções venosas, que é pegar uma veia para colocar medicamento. Além do soro, falta equipamentos como polifixo, canudo que leva soro para o braço do paciente, além de agulhas para essa finalidade”.

A profissional usa o mesmo termo utilizado pela colega acima para explicar a situação. “Falta o básico do básico. Conforme explica a profissional, esse é o “básico do básico”. “Se o paciente chega, ele tem que receber um acesso venoso ou não sabemos o que pode acontecer. Os pacientes estão sabendo que não tem materiais”.

Denúncias

Ao receber “inúmeras” denúncias anónimas sobre a atual condição do Hugo, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Flaviana Alves, enviou ofício ao titular da Secretaria de Estado da Saúde, Leonardo Vilela para cobrar uma solução.

“A falta de medicamentos e insumos no Hugo tem se tornado frequente. A SES respondeu que estão tomando providências para solucionar o problema. Mas essa é uma resposta vaga. Realmente há um repasse atrasado do Estado para a OS Gerir, responsável pela unidade. Terceirizados estavam sem receber até ontem e já planejavam paralisar o trabalho”.

Por meio de nota, a SES disse que as “questões devem ser direcionadas à OS responsável pela gestão da unidade”. Confira a íntegra da resposta enviada pelo Instituto Gerir:

“O Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e o Instituto Gerir, organização social (OS) à frente da administração da unidade, informam que todos os procedimentos cirúrgicos estão sendo realizados normalmente e que estão somando esforços para regularizar o abastecimento de insumos, no sentido de garantir a assistência prestada aos pacientes. Somente nesta quarta-feira (19), 22 cirurgias estão programadas, além das urgências que chegam à unidade. A OS esclarece, ainda, que efetua o pagamento de seus colaboradores e prestadores de serviço conforme o cronograma de repasses da verba estadual. Em relação ao serviço de alimentação no Hugo, que funciona normalmente, o hospital informa que continua servindo aproximadamente 3 mil refeições por dia a pacientes, acompanhantes e colaboradores”.