VEJA MUDANÇAS

Entenda o que muda no caso do menino que morreu atropelado em Goiânia com a morte do motorista

Como o motorista responsável pelo atropelamento e morte da criança também morreu, não é possível continuar com o processo que o puniria

Motorista tentou fugir do local, mas foi impedido pelo pai da criança. Os dois entraram em luta corporal
Motorista tentou fugir do local, mas foi impedido pelo pai da criança. Os dois entraram em luta corporal (Foto: Divulgação – PC)

O motorista Francilei da Silva Jesus, que atropelou e matou o menino Danilo Pignato, de 8 anos, em Goiânia, morreu na manhã desta terça-feira (20), no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol). O homem foi agredido pelo pai da criança após o atropelamento, enquanto tentava deixar o local sem prestar socorro.

Com esse novo cenário, a delegada Ana Elisa Gomes Martins, titular da Delegacia de Homicídios da capital, explicou ao Mais Goiás que dois elementos principais do inquérito mudam a partir da morte do condutor.

O primeiro deles é a extinção da punibilidade do autor. Ou seja, como o motorista responsável pelo atropelamento e morte da criança também morreu, não é possível continuar com o processo que o puniria. Portanto, após a conclusão das investigações, a sugestão será arquivar os autos.

A morte de Francilei também altera o tipo de crime pelo qual o pai de Danilo será investigado. Até então, ele havia sido autuado pela prática de tentativa de homicídio privilegiado. Agora, responderá pelo homicídio privilegiado consumado.

Motorista embriagado atropela e mata criança de 8 anos na Avenida Consolação, em Goiânia (Foto: Divulgação – PC)

Entretanto, a delegada afirma que isso não deve mudar a compreensão do judiciário. Desta forma, não há qualquer indício de que o pai do menino seja preso preventivamente.

“Tem-se questionado muito a possibilidade ou não dele [ o pai da criança ] ser preso. É bom que as pessoas entendam que, já em audiência de custódia, o judiciário compreendeu que não haviam requisitos suficientes que justificassem a prisão preventiva dele. Eu acredito que essas condições permanecem, então ele continua respondendo em liberdade. A não ser que o judiciário compreenda de outra forma ou que essas condições de alguma forma sofram alguma alteração. Ele deve continuar respondendo ao processo em liberdade, mesmo com a mudança do tipo de crime”

Delegada Ana Elisa Gomes Martins, titular da Delegacia de Homicídios de Goiânia

Provas no caso do menino que morreu atropelado em Goiânia

A delegada Ana Elisa também explicou que trabalha para encontrar provas periciais de que Francilei estava embriagado durante o acidente. Embora a Delegacia de Crimes de Trânsito (Dict) tenha encontrado um copo térmico com cerveja dentro do carro do motorista após a colisão e existam relatos de que o homem estava visivelmente embriagado, as evidências são tratadas somente como indícios.

Para provar o fato, a polícia irá solicitar junto ao Hugol eventuais exames feitos no motorista enquanto ele esteve internado. Também não se descarta a possibilidade de ouvir o depoimeno das pessoas que estiveram com Francilei antes do crime acontecer.

“Nós aguardamos agora a conclusão dos laudos periciais, em especial, o cadavérico. Vamos tentar obter junto ao hospital eventuais exames que tenham sido realizados e, claro, a gente vai trabalhar com o que já foi apurado pela Dict. A partir disso e, eventualmente, se houver a necessidade de ouvir outras testemunhas isso também será trabalhado. Por enquanto são só indícios, porque não existem provas periciais”, explica a investigadora.

“Ouvimos boatos de que o motorista teria ingerido bebida alcóolica ao longo do dia, antes do acidente. Mas são informações que estão sendo trabalhadas, pra gente trazer de fato provas que vão confirmar ou nao a embriaguez dele no momento do acidente”, enfatiza a delegada. “Todas as provas que forem possíveis de ser produzidas, nós vamos buscar a produção delas. Agora nós precisamos estudar os autos, ver o que ja foi produzido, pra gente dar continuidade ao trabalho de investigação”, conclui.

De acordo com a Polícia Civil, o condutor apresentava sinais de embriaguez, tendo sido encontrado até mesmo um copo térmico com bebida alcoólica dentro do seu veículo após a colisão.
De acordo com a Polícia Civil, o condutor apresentava sinais de embriaguez, tendo sido encontrado até mesmo um copo térmico com bebida alcoólica dentro do seu veículo após a colisão. (Foto: Divulgação – PC)

Relembre

Segundo informações da Polícia Militar (PM) e da Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), o motorista estaria embriagado. Em alta velocidade, ele entrou na Avenida Consolação, perdeu o controle da direção do veículo e acabou atingindo a criança e o pai que estavam no canteiro central.

Um vídeo feito por câmeras de segurança mostra a criança pouco depois de atravessar a pista e se sentar no canteiro. Na sequência, o garoto é atropelado pelo veículo desgovernado e fica preso entre o carro e uma árvore. O pai do menor também é sutilmente atingido pelo automóvel.

A filmagem também mostra quando o pai da criança e o condutor entram em luta corporal. O homem afirmou à Justiça que não tinha intenção de matar o condutor. Também admitiu que deu pedradas na cabeça do motorista, mas ainda na intenção de contê-lo de fugir do local sem prestar socorro.