Setor Jaó

Execução: Quem são os PMs do COD presos suspeitos de forjar confronto em Goiânia

Vídeo mostra que suspeitos abordados não empunhavam armas quando foram alvejados

Policial com arma empunhada em vídeo gravado por celular de suspeito executado (Imagem: reprodução)
Vídeo mostra que suposto confronto registrado por PMs do COD trata-se de execução - caso ocorreu no Setor Jaó, em Goiânia (Foto: reprodução)

Quatro Policiais Militares (PMs) do COD (Comando de Operações de Divisas) foram presos neste sábado (6/4) como suspeitos de forjarem confronto em ocorrência registrada no Setor Jaó, em Goiânia, no início da semana. Na ocasião, os militares afirmaram que a morte de suspeitos foi uma reação ao serem atacados com tiros, mas um vídeo, gravado pelo celular de um dos mortos, mostrou que a ação tratou-se de uma execução, visto que as vítimas estavam desarmadas.

Saiba quem são os PMs do COD envolvidos na abordagem

Policiais civis e militares, então, cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão nesta manhã. A ordem decretada contra o contra o sargento Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira, de 34 anos, foi cumprida no Setor Parque Santa Cruz, em Aparecida de Goiânia. Já o tenente Wandson Reis dos Santos, de 47 anos, que era o comandante da equipe, foi preso em sua casa, em Senador Canedo.

Os mandados de prisão expedidos contra o sargento Wellington Soares Monteiro, de 38 anos, e contra o soldado Pablo Henrique Sequeira, de 30 anos, foram cumpridos no Parque Atheneu, em Goiânia, e na cidade de Anicuns.

Após prestarem depoimentos na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), os PMs serão encaminhados para o Presídio Militar, que fica no Setor Marista, em Goiânia.

A reportagem do Mais Goiás não conseguiu contato com as defesas dos policiais, mas o espaço está aberto, caso queiram se pronunciar.

Execução ou Confronto? Vídeo contradiz versão apresentada por PMs do COD

Júnior José Aquino Leite, de 40 anos, e Marines Pereira Gonçalves, que tinha 42 anos, foram mortos a tiros no início da tarde de segunda-feira (01/4), no Setor Jaó. Segundo a ocorrência relatada pelos militares envolvidos na abordagem, a dupla havia sido denunciada por um foragido da justiça, que teria sido procurado por eles dias antes, em uma chácara em Petrolina, cidade que fica na região metropolitana de Goiânia.

Quando não encontraram este suposto foragido por lá, Júnio e Marines, ainda de acordo com o relato feito pelos PMs do COD, foram até outra casa dele, em Trindade, e, após invadirem o imóvel, furtaram vários aparelhos eletroeletrônicos. A ocorrência diz ainda que o denunciante afirmou que Júnio e Marines estariam se passando por policiais civis e extorquindo pessoas com antecedentes criminais na zona rural de cidades próximas à capital.

Procurados pelo Serviço de Inteligência do COD, os dois suspeitos, que estavam em um carro modelo HB20, teriam sido vistos na segunda-feira trafegando nas proximidades do Centro de Treinamento do Vila Nova, onde foram abordados por uma equipe fardada, composta por um tenente, dois sargentos, e um soldado.

Os policiais relataram que, quando abordado, o suspeito que estava no volante do carro desceu e usou uma pistola para atirar contra a equipe, que revidou. O tenente e os dois sargentos, então, efetuaram nove tiros de fuzil e outros nove de carabina contra a dupla. O soldado que estava com a equipe e que dirigia a viatura não efetuou nenhum disparo.

Um dos abordados morreu na hora e o outro foi socorrido ainda com vida, mas não resistiu. Durante o registro da ocorrência, os PMs entregaram uma pistola e um revólver para a equipe da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) e afirmaram que as armas haviam sido usadas por eles contra a equipe.

Vídeo mostra que ação foi um confronto forjado

Um vídeo obtido por familiares de um dos mortos, porém, mostrou que o motorista se rendeu, e foi retirado do carro desarmado. As imagens captadas pelo celular de um dos mortos, porém, mostram quando um dos abordados, que estava no volante, foi retirado do veículo com as mãos para cima, sem nenhuma arma.

Posteriormente, um policial, que empunhava um fuzil, ordena que ele coloque as mãos na cabeça e se vire para frente. Na sequência, o PM efetua dois disparos e a sirene da viatura, que não aparece nas imagens, é ligada.

Após os dois disparos, um outro PM aparece na filmagem empunhando uma pistola e dando dois tiros para o chão. Segundos depois, outro militar, também fardado, retira um revólver que estava dentro de um saco plástico do colete, limpa a arma, e dá dois tiros.

Oitivas na Corregedoria da PMGO

Depois que o ocupante do banco do carona é retirado do carro, já baleado por um homem sem farda e que seria um PM do Serviço de Inteligência, o celular dele é pego e desligado. Na quarta-feira (3/4), os seis policiais envolvidos na ocorrência, quatro que estavam fardados na viatura e dois do Serviço Reservado, que vestiam roupas comuns, foram ouvidos na Corregedoria da corporação.

Segundo a PM, os dois mortos já possuíam extensa ficha criminal. Junior José Aquino Leite, já respondeu por extorsão, estelionato, tráfico de drogas, ameaça e lesão corporal. Já Marines Pereira Gonçalves, ostentava passagens por porte ilegal de arma de uso restrito, receptação, extorsão e cárcere privado.

Há relatos de que um deles seria informante da PM.