JANDAIA

Justiça mantém preso suspeito de agredir ex-esposa com chave de fenda em Jandaia

O juiz Hermes Pereira Vidigal determinou a prisão preventiva do homem suspeito de agredir a ex-esposa…

Justiça determina prisão preventiva de suspeito de agredir ex-esposa com chave de fenda
Justiça determina prisão preventiva de suspeito de agredir ex-esposa com chave de fenda (Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal)

O juiz Hermes Pereira Vidigal determinou a prisão preventiva do homem suspeito de agredir a ex-esposa com uma chave de fenda em Jandaia, na noite da última segunda-feira (15). Na ocasião, a vítima denunciou o homem após ter sido encorajada pela equipe médica que lhe prestou atendimento. Desde então, o suspeito estava preso em flagrante. Mas, por volta das 13h30 desta quarta-feira (17), a Justiça converteu a prisão dele em preventiva.

De acordo com o juiz responsável pela decisão, os delitos pelos quais o homem está sendo investigado são graves. Além disso, a decisão é uma maneira de afastá-lo da ex-companheira e consequentemente protegê-la. “A decretação da prisão cautelar do autuado sobreleva-se como medida essencial, uma vez que, permanecendo em liberdade, este poderá continuar delinquindo e atemorizando a vítima”, afirmou o juiz no documento.

A defesa do homem alegou que ele nunca havia sido preso antes e possui renda e moradia fixa. Porém, segundo a decisão, “atributos pessoais como primariedade, bons antecedentes e residência fixa, ainda que comprovados”, não são o suficiente para impedir que alguém seja preso preventivamente.

Caso seja considerado culpado, o suspeito cumprirá pena por tentativa de feminicídio, invasão de domicílio e dano contra a ex-companheira. O Mais Goiás não conseguiu falar com a defesa do suspeito para manifestação.

Ao saber da notícia, a vítima celebrou e disse que espera ter paz daqui em diante.

Relembre o caso

Após apoio de médicos, mulher denuncia ex-marido por agressão com chave de fenda em Jandaia (Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal)

Após apoio de médicos, mulher denuncia ex-marido por agressão com chave de fenda em Jandaia (Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal)

A empregada doméstica Heloísa Santana (nome fictício) explica que nunca teve coragem de denunciar o homem porque sentia medo. Dessa vez, ela afirma ter prometido que não o denunciaria para convencê-lo a leva-la à unidade de saúde.

“Não foi a primeira vez, foi a quinta agressão. Mas, nunca teve essa proporção. Eu estava sangrando muito e comecei a vomitar, implorei pra ele me levar ao médico. Ele concordou, mas se eu não chamasse a polícia. Eu disse que não ia chamar e ele ficou dentro do carro me esperando. Lá no hospital, quando o médico perguntou o que havia acontecido, menti. Disse que tinha caído no banheiro. O médico não acreditou, disse que eu tava mentindo e que não ia me deixar sair de lá enquanto não denunciasse”, relata Heloísa.

As agressões

Segundo a diarista, ela e o ex-companheiro estavam juntos há 4 anos. Ao longo do relacionamento, o homem começou a apresentar sinais de agressividade e ciúmes. Com isso, as discussões passaram a ser mais constantes e as brigas cada vez mais calorosas. Porém, de acordo com ela, os conflitos eram se revezavam entre momentos de calma e também de manipulação e ameaça.

“Uns vinte dias que ele tinha ido embora tava tranquilo. Agora, acredito que ele estava planejando algo, porque sempre que eu chegava em casa já trancava o portão de medo. Eu mantinha a porta trancada sempre que tava sozinha. Mas, ele me pegou de surpresa. Chegou calado, pulou o muro e arrombou a porta. Quando me viu já começou a me furar com a chave de fenda, dando murros e chutes”, lembra a diarista.

A empregada doméstica Heloísa Santana (nome
fictício) denuncia o ex-marido por agredi-la com uma chave de fenda. (Foto: Reprodução – Arquivo Pessoal)

Além de agredir Heloísa, o suspeito ainda a sequestrou, conforme consta no boletim de ocorrência. Segundo o documento, o ex-marido a forçou a entrar em um carro e a levou para uma área de vegetação com pouco movimento. Lá, a vítima lembra que as agressões continuaram de forma ainda mais intensa.

Também foi neste local, que a Heloísa lembra que começou a vomitar e implorar ainda mais para que o homem parasse de lhe machucar. Ela conseguiu convencer o suspeito de levá-la ao hospital da cidade, sob a promessa de não denunciá-lo.

Mesmo com a prisão, há insegurança

Com a autorização da vítima, os médicos acionaram a Polícia Militar. O homem, assim que percebeu a aproximação dos policiais tentou fugir. Mas, acabou capturado. Além da prisão do ex-marido, a diarista também entrou com uma medida protetiva de urgência. Assim, o homem, mesmo se for solto, precisa se manter distante dela. O que, em teoria, protege a mulher de novos episódios violentos.

Porém, não é incomum que agressores descumpram as ordens judiciais e voltem a atormentar as vítimas. Esse é um medo que Heloísa tem. “Tenho muito medo. A polícia pegou ele graças a Deus. Mas a gente sabe que é por poucos dias, não fica preso! Não posso ficar sozinha, porque quando ele sair vai me procurar. Vou precisar mudar de casa ou morar com alguém”, lamenta.

Este não é um caso isolado, saiba como denunciar

Esse não é um caso isolado de violência contra a mulher. De janeiro à setembro deste ano quase 8 mil mulheres foram vítimas de lesão corporal em Goiás. Além disso, 12.205 sofreram ameaça, outras 35 morreram por feminicídio. Os dados são do observatório da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP).

Dados do Governo Federal de 2019 revelaram também que 74% dos casos de denuncia ao Ligue 180 registraram casos de mulheres agredidas pelos maridos ou ex-companheiros. Outro ponto de alerta é que 55% das denúncias eram de mulheres negras.

O Ligue 180 presta uma escuta e acolhida às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

*Heloísa Santana é um nome fictício, usado para proteger a vítima

*Larissa Feitosa compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira.