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Prefeitura de Goiânia esclarecerá MP sobre fuzis, mas não recua da compra sem licitação

A prefeitura de Goiânia não disse se atenderá a recomendação do Ministério Público de Goiás…

Prefeitura de Goiânia esclarecerá MP sobre fuzis, mas não recua da compra sem licitação
Prefeitura de Goiânia esclarecerá MP sobre fuzis, mas não recua da compra sem licitação (Foto: Reprodução)

A prefeitura de Goiânia não disse se atenderá a recomendação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) de anular a intenção de compra de 17 fuzis calibre 5.56, com dispensa de licitação, para a Guarda Civil Metropolitana (GCM). Procurado pelo portal, o município reiterou – como em nota anterior – que prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados no prazo estipulado.

Segundo a prefeitura, a GCM “sempre pautou pelos princípios constitucionais da legalidade, da utilidade, da economicidade e da probidade, com ênfase na lisura e transparência dos atos atribuídos à nossa instituição”. Além disso, reforçou que a Guarda “obedece a todo regramento constitucional”.

O MP orientou, nesta quinta (24), que a Guarda não faça contratação direta quando os valores superam os limites previstos no artigo 75 da nova Lei de Licitação, de nº 14.133/2021.

No documento, a promotora de Justiça Carmem Lúcia Santana de Freitas afirma que o Aviso de Interesse de compra não atende aos requisitos previstos na Nova Lei de Licitação, por estarem ausentes as formalidades do processo licitatório, principalmente a motivação e justificativas para a aquisição dos fuzis.

A promotora instaurou inquérito civil público (ICP), com vistas a eventual ajuizamento de futura ação civil pública, caso necessário. O órgão deu prazo de dez dias para resposta sobre o cumprimento da anulação do processo de compra do armamento.

O Mais Goiás questionou a prefeitura sobre a recomendação, que enviou a seguinte nota:

“A Guarda Civil Metropolitana sempre pautou pelos princípios constitucionais da legalidade, da utilidade, da economicidade e da probidade, com ênfase na lisura e transparência dos atos atribuídos à nossa instituição;

A Guarda Civil Metropolitana informa que obedece a todo regramento constitucional e que prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados pelo Ministério Público, dentro do prazo estipulado, de forma a prezar pela parceria já existente entre as duas entidades.”

Promotora diz que não há necessidade de compra de fuzis para a GCM

Carmen Lúcia observou que a Guarda Civil Metropolitana de Goiânia é uma corporação fundamentada na hierarquia e na disciplina, uniformizada e aparelhada, com treinamento e formação específica, de caráter civil, estruturada em carreira única estabelecida em lei.

Segundo ela, o Decreto nº 360, de 20 de janeiro de 2021, que aprovou o regimento interno da AGCMG, prevê como finalidade “a proteção do patrimônio, bens, serviços e instalações públicas municipais, o apoio à administração municipal no exercício de seu poder de polícia administrativa e a execução das políticas e diretrizes relacionadas à segurança urbana preventiva e à defesa civil, nos limites das competências legais do Município”.

Ela explica que, diferentemente das polícias militares, às quais cabem o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública, os integrantes da Guarda Municipal são considerados agentes de segurança, que devem exercer, no âmbito do município de Goiânia, o policiamento preventivo e comunitário; mediação de conflitos e o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos.

Para ela, a aquisição de fuzis, de valores vultosos, não é adequada e necessária, de acordo com os princípios da proporcionalidade, legalidade, razoabilidade, efetividade e supremacia do interesse público.

Intenção de aquisição

A intenção de aquisição das armas foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM), na última sexta-feira (18). De acordo com valores de mercado, cada fuzil custa mais de R$ 16 mil.

Também consta no informe, que os fuzis serão do modelo T4, com calibre 5.56, cinco carregadores, sendo 4 extras, com capacidade para 30 cartuchos, bandoleira com três pontos, entre outras características. Gravações dos brasões e siglas devem ser definidas, diz o comunicado.

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