FIANÇA

Suspeito de racismo em hipermercado em Goiânia foi solto após pagar R$ 3,3 mil, diz PC

O homem preso suspeito de racismo contra a funcionária de um hipermercado de Goiânia foi…

O homem preso suspeito de racismo contra a funcionária de um hipermercado de Goiânia foi solto após pagar fiança de R$ 3,3 mil. (Foto: reprodução)
O homem preso suspeito de racismo contra a funcionária de um hipermercado de Goiânia foi solto após pagar fiança de R$ 3,3 mil. (Foto: reprodução)

O homem preso suspeito de racismo contra a funcionária de um hipermercado de Goiânia foi solto após pagar fiança de R$ 3,3 mil. A informação foi divulgada pela Polícia Civil (PC). O caso ocorreu na tarde do último domingo e o suspeito, que não teve o nome divulgado, deve responder pelo crime de injúria racial.

O caso está sob apuração do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), da Polícia Civil. O delegado Joaquim Adorno, responsável pela investigação, disse que não vai comentar especificamente sobre o ocorrido, mas relatou que o processo já foi oficializado e segue para a conclusão do inquérito policial. Depois de finalizado, o procedimento será encaminhado ao Poder Judiciário e o autor será indiciado.

Segundo a Polícia Militar (PM), o homem foi preso em flagrante após ofender uma funcionária do estabelecimento por conta da cor da pele dela. O detido teria se irritado por conta de demora no local e recusou atendimento de uma trabalhadora por ela ser preta.

“Se não bastasse a demora, ainda tinha que ser atendido por uma preta”, teria dito o homem, segundo testemunhas que presenciaram o ocorrido. O suspeito ainda afirmou que “odeia preto e pobre”.

Homem saiu gritando que “era racista mesmo”, diz testemunha

Depois de cometer ofender a atendente do hipermercado de Goiânia, o homem afirmou que era “racista mesmo” e que “não iria falar baixo com uma preta”. O relato foi feito ao Mais Goiás pela técnica em enfermagem Thais Cruvinel, que presenciou o fato ocorrido no último domingo (14).

“Ouvimos ele bater no balcão e reclamar da demora. Falou que aguardou 30 minutos para ser atendido por uma preta. Começou a bater no balcão e a falar que odeia preto”, relatou a testemunha.

Ao ver a situação, a mulher pediu para que o suspeito deixasse de ser preconceituoso e que respeitasse a profissional. Depois disso, o homem fez gesto obsceno com a mão e ainda saiu gritando rumo ao estacionamento. “Ele falava ‘sou racista mesmo. Não vai dar nada para mim’”, relatou Thais à reportagem.

Testemunhas narram que foram agredidas por mãe de homem preso por racismo em hipermercado em Goiânia

Ainda de acordo com a técnica em enfermagem, o namorado dela e outras pessoas foram para o estacionamento no intuito de conter o suspeito. “O homem tentou entrar no carro, mas meu namorado não deixou. Foi aí que a mãe dele [suspeito] começou a nos agredir”, disse.

Ela conta que a mulher mordeu, xingou, cuspiu e deixou diversos chutes nas testemunhas. “Ela me xingou de prostituta, dizia que eu deveria vestir roupa. Me mordeu, puxou meu cabelo e me deu chutes”.

De acordo com Thais, as agressões só cessaram após a chegada da Polícia Militar. Apesar do ocorrido, a jovem de 24 anos preferiu não registrar boletim de ocorrência. “Eu só quero que o homem responda pelo crime de racismo. A atendente não queria dar continuidade, estava com medo, mas nós a convencemos a ir até a delegacia dar queixa”, afirmou.

Vítima de racismo diz que ficou paralisada após as ofensas

A fiscal de caixa que foi chamada de “preta” em um hipermercado que fica na avenida Portugal, em Goiânia, afirmou à reportagem que se sentiu paralisada e humilhada pela ofensa feita por um cliente – que disse que não falaria com ela por causa da sua cor de pele.
“Ele (suspeito) queria passar uma bicicleta, mas o caixa estava cheio de pessoas aguardando atendimento e ele estava nervoso e muito alterado. Quando chegou a vez dele, eu falei ‘Boa tarde, posso ajudar o senhor?’ e ele respondeu gritando, então pedi para que se acalmasse, mas ele só ficou mais nervoso ainda. Começou a dizer que estava fazendo um favor de comprar na loja e ainda tinha que ser atendido por uma preta”, relata a moça, que tem 19 anos.